quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

É do babado, bonita!



A vida de um gay numa cidade pequena pode não ser fácil. Mas hoje, eu, por experiência própria, acho um tanto quanto irônica, em alguns aspectos. Enquanto homoafetivo assumido, há cerca de dois anos, fico embasbacado ao perceber que numa cidadezinha de 18 000 habitantes existam tantos homossexuais, e como alguns deles tem suas ações tão influenciadas pelo "dominante mundo hétero".

É certo que, em sua maioria, os gays daqui vivem encubados. Ainda não acharam a tão sonhada saída do armário, e fingem ser os machinhos com sex appeal. Porém, o absurdo é eles precisarem ofender outros gays, que se sentem confortáveis com outro estilo de vida, pra provarem sua "pseudo-heterossexualidade". Pra fingir algo, não é necessário desrespeitar ninguém. Parece, no fundo, uma inveja por esses outros terem conseguido se libertar. Sei bem que o monstro desprezível que é o preconceito, acaba por ditar muitas dessas ações, mas daí a cometer uma ofensa, no fundo, contra si próprios, é uma periclitância!

O fato é que, a meu ver, há muito ainda o que conquistar, com a militância LGBT. E enquanto certos homoafetivos continuarem com esse comportamento, aí é que seremos verdadeiramente uma minoria, ainda menos ouvida nos pleitos. Então, como resolver esse dilema?

Deixando a modéstia de lado, nos últimos dois anos, só fiquei sozinho quando quis. E tive tanto relacionamentos efêmeros, quanto, de certo modo, duradouros. E a mim, tanto fazia se os caras eram afeminados, masculinizados, discretos, espalhafatosos. Isso tudo são esterótipos construídos culturalmente. E é fato que temos uma cultura preconceituosa e limitadora. Nos meus relacionamentos o que me importa é que eu me sinta bem, e que me respeitem à minha maneira, com as devidas reciprocidades, claro.

Como seria tão mais simples se pudéssemos das um banho de alteridade no mundo...


PS: usei das terminologias "homoafetivo", "gay", "homossexual", porque pra mim o desrespeito pode estar no teor com o qual as palavras são escritas, ou ditas, e não necessariamente no vocábulo em si.

6 comentários:

  1. periclitância?
    alteridade?

    Nossa, realmente adorei! Você falou um monte de verdades nesse texto. Realmente falou de um assunto delicado, diferente, e eu queria que suas palavras pudessem chegar mais longe.

    Mas eu não concordo que "existam tantos homossexuais". Eu acredito que esse é um problema em ser gay em uma cidade pequena. Não ter companhia e ter que recorrer a uma cidade grande para ter amor. E quando tem gays, pelo fato de que todo mundo sabe da vida de todo mundo, eles tem tanto medo de ser expostos que chegam a namorar meninas!

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  2. O que eu acho um absurdo...
    mas assim, PJ... ...o que eu quiz dizer é que, sei lá. Não me sinto mais tãããão limitado pelo preconceito que é escancarado. E assim, acho que ele é proporcional. Nas cidades grandes existem mais casais gays, pq, sei lá, demograficaente, exitem mais gais. Preconceito é nojento e inaceitável em qualquer lugar. E vc bem sabe que muito me chateia, muitas vezes. No carnaval msm teve um episódio, neh? É aquilo das pessoas acharem que tem liberdade de expressão e opinião, mas se esquecerem de que a nossa liberdade termina onde começa a liberdade do outro...

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  3. Eu estive pensando um pouco nisso. Eu acho que o preconceito de hoje em dia é uma coisa muito diferente do que era antes. Antes era sobre você julgar uma pessoa antes mesmo de conhecer ela. Embora esse ainda exista, esse vem da ignorância e hoje em dia, na era da informação, é minoria.
    Fica o outro tipo de preconceito, o que nem sempre é ruim, por que faz parte da nossa formação. Explico.
    Os conceitos de mundo que a gente vai criando enquanto crescemos, em nossas mentes, antes de conhecermos o mundo e antes de sermos hábeis de julgar, portanto pré-conceitos. Um deles é a idéia de que relações entre pessoas do mesmo sexo são erradas. Claro que mesmo quem tem essa idéia, ofender os outros é errado, mas eu não acho que o que é errado esteja na ofensa, e sim na ideologia por trás da ofensa. E que precisa mudar para que o mundo tenha um futuro melhor, pelo menos nisso.
    Eu creio que a sociedade de hoje precise criar crianças pra serem adultos mais tolerantes no futuro.

    Desculpe o textão aqui!

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  4. Nada! Ficou digno. Concordo, em partes. A mim, tanto a ideologia quanto as ofensas são inaceitáveis. Você pode não gostar de algo, mas guradar pra si. Já que muitas coisas que outras pessoas não gostam em você, talvez também não são ditas. (Não sei se me fiz entender) rs

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  5. Verdade. Você me fez pensar. Você está certo. Ser gay é uma característica, como o tamanho do nariz ou a cor dos olhos. E uma pessoa pode desgostar de qualquer característica da outra, mas sem ter o direito de fazer algo contra ela (ofender p.ex.). É isso?
    Mas uma pessoa se achar superior a outra por causa de uma característica é uma ideologia errada.

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  6. Isso msm. O mais digno é o respeito, quer concordemos com algo, quer não. Muitas pessoas partem do pressuposto errôneo de que, todos temos liberdade de expressão, e podemos demonstrar, a nosso bel prazer, o que achamos, ou pensamos, com gestos e palavras. Mas esquecem-se de que o conceito de liberdade, é relativo. A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro. Senão, o mundo viraria uma carnificina, deveras. Cada um com suas crenças, suas ideologias, seus desejos e suas aspirações. E todos se respeitando. Assim é que deveria ser, neh?

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