terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO *



Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.

*poema de Carlos Drummond de Andrade.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Tudo em você me faz amar


Pra mim é fácil lhe provar o meu amor.
Não que eu precise.
Mas é que é quase impossível não fazê-lo.

Basta perceber os meus ciúmes,
negados em palavras,
mas revelados pelos meus olhares de fúria.

E quando lhe encaro sorrindo.
E quando lhe agarro sorrindo.

E quando te olho dormir.
Ou se não te deixo dormir.

Tudo em você me faz amar.
Amar a mim e amar à vida.
E amar que a minha vida tenha encontrado a sua.

Te amo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Entrego-me ao orgulho de saber muito bem quem sou eu



Como saber conceber perdão, com o coração em frangalhos?
Como se amenizará a dor?
Quando virá o poente?

Como não me enfurecer? Não me senitir queimar em fornalhas?
Se os pré-conceitos, quaisquer que forem,
me deixam assim, tão doente?

Doente por me sentir anêmico de respeito.
Respeito dirijido a outros com intensidade louvável.
Doente por ver que o ar já não mais me cabe no peito.
Peito que me fez tanto amar, e agora me faz detestável.

Cabe aqui, dizer a quem me lê
que sei que não fiz nada errado.
Vale mesmo, agora ressaltar,
sou feliz à minha maneira.
Devo sim, lhe alertar nesse momento,
não mais viverei injustiçado.
Posso agora, sim, esbravejar:
Tristeza, enfim, foi passageira!

Entrego-me ao orgulho de saber muito bem quem sou eu.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pequena conversa entre primos


- Luiiiiiiz Gustaaaaaaavoo, vooocêêê faaaaalaaaa baaleeeieês??


- Ué, Zenrique, depende...


- Deepeeendee doo queê?


- Depende, ué. Você fala??


- Eeuu faaloo.. rsrs


- Ha é mesmo... ...toda baleia fala baleiês.. kkk


-Hum! Então se for assim você fala viadês.. hump!


- Ha! Hshuahshuahshua. Quer dizer então, se for assim, que você é poliglota! Kkkkk!!


(E eu, nessa hora, dou aquela minha gaitada básica.. rsrs)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Despudorado


Quero me entregar por inteiro.

Quero poder olhar pra você

e poder perceber que é meu porto seguro.


Quero te agarrar no banheiro.

Quero te beijar mais mil vezes,

cometer atentados por detrás dos teus muros.


Te tocar com aspereza.

Revelar sutilezas.

Me entregar aos carinhos.

Me despir da nobreza.

Te despir, com certeza e

te mostrar os caminhos


Te provocar delírios.

Me entregar, aos gemidos.

Me fazer todo seu.

E morrer de prazer.

Me deixar envolver

com você, meu querido.


Façamo-nos, então, entregar um ao outro, de bom grado.

O recato dos deuses e a volaticidade dos demônios


Queria que essa angústia fosse embora.
Que as incertezas todas se fizessem inexistir.
Que a minha insegurança não fizesse consumir
o encanto virginal que sinto por você.

Queria ter você comigo agora.
Que toda essa distância não existisse mais.
Poder te olhar nos olhos, e então sentir-me em paz.
Poder sentir-me livre da dor, que é a saudade.

Só fico a imaginar o nosso encontro.

Que é quando nossos corpos se tornarão um só.
Que é quando minha garganta desatará o nó,
ao se entregar num beijo, que é o signo do amor.

Só fico em devaneios e confrontos.

Me perco na lembrança do que ainda não vivi.
E quero, com esperança, poder fazer-lhe rir,
gozar de então, ser pleno, comigo, meu amor.

Te espero, com todo o recato dos deuses
e a volaticidade de todos os demônios.

Eu te amo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

E se...


E se eu não quiesse mais viver?

Não por odiar a minha vida,

mas por odiar viver assim.

Por odiar viver num mundo

que transborda-se em ódio

e me faz sentir ódio de mim mesmo?


E se eu não quizesse respirar?

Se não quizesse aspirar esse ar fétido

que é o vento que faz girar

a hélice do consumismo?


E se eu quizesse desistir

Desistir de encorajar covardes

a lutar por seus direitos?


E se eu não quizesse mais sorrir?

Se não quizesse mais gozar dos "benefícios"

da imagem e da beleza?


Se assim o fosse,

não saberia eu que

por trás de toda essa podridão

haveria um lugar pro amor

e um amor a esperar.

Toda a magia do felicitar


Parece que enfim descobri

a fórmula mais proxima daquilo

que convencionou-se chamar de

FELICIDADE.


Saber cativar amigos.

Amá-los, e perdoá-los,

ciente de suas particularidades.


Permiti-se sonhar.

Parmitr-se realizar sonhos

e chorar pelo fracasso de alguns.

Afinal, depois da tristeza,

quando nos deixamos extravazar,

sempre vem uma resenha feliz.


Dar-se a certos exageros de vez em quando,

mas certo de que o recato também nos traz bons humores.


Deixar-se amar por completo,

qualquer que seja a maneira,

e despindo-se das pré-noções.


É aí, a meu ver, que se encontra

toda a magia do felicitar.

Sim! É dada a hora!



Não é tão fácil entender o mundo.
Quando páro pra pensar, às vezes me entristeço.
A única coluna que me sustenta
é a lembrança nostálgica de tempos que não vivi,
mas sinto saudades de me contarem.

Tempos em que um bom dia acalentava qualquer mau-humor.
Tempos nos quais a idéia mais plena de felcidade
era ir à pracinha comer algodão-doce,
se deleitar em um banho de chuva,
ou até mesmo paquerar, ao luar.

É uma pena que hoje isso seja quase finito.

Nos tempos de hoje, que vejo como os do exagero,
parece impossível associar o prazer à sutileza.
Hedonistas que somos, buscamos prazer em todos os atos.
Mas esquecemo-nos que essa satisfação
pode vir a entristecer a vida de outrem.

Não pequemos pelo exagero
a ponto de nos dispormos
a vender nossa alma ao cão!

Não o cão bíblico.
Não o tinhoso desprezível,
mas sim, o cão detestável do capital.

É hora! Sim, já deu-se a hora!
De pisarmos bem fundo em nossos freios,
deixando de agir por prazer
e guiando-nos pelo alter.

É dado o momento.

Amando-te, de um jeito infinito


Escrevo-lhe este poema pra que te lembres do nosso amor.

Pra que te lembres do fundo do coração, do mais íntimo teu,

dos sentimentos que lhe devotei, com loucura, paixão e furor

e dos momentos nos quais toda e completamente você foste meu.


Quando os seus olhos os meus encontravam

eu então via o rascunho do céu.

Quando seus lábios com os meus se roçavam

eu me entregava ao deleite do mel.


Quando tua íris brilhava em meus sonhos

eu poderia bem mais que voar.

Quando eu chorava, em momenos tristonhos

você me alegrava e fazia-me amar.


O toque inebriante e vital do seu corpo

me faz descabido e me sinto tremer.

E então me visto de um desejo louco.

Num só relance, me deixo ceder.


Amando-te, de um jeito infinito.

Haaaaaaa!


Tanta desolação pelo caminho!

Tantos pássaros minguados, perdidos na eloquência do tempo!

E árvores a queimar, ares sem respirar, pulsos dilascerados!

Quero mesmo que o mundo acabe, a mim, antes de ser engolido pela podridão.

domingo, 25 de julho de 2010

Tão mais perfeito!


Tocado pelo leve torpor da proximidade

troco passos trôpegos, pra chegar até você.

E ao me deparar com seu olhar, cumplicidade

entrega e completude fazem-se então perceber.


Queria tanto você só pra mim!

Pra eu poder tocar, sem medo de me ferir.

Poder acariciar, sem pudores de deixar-me iludir.

Com você, tudo seria tão mais fácil!

Tão mais lindo, e tão mais doce!


Tão mais perfeito.

Com a magnitude da tua presença.

Espero que esse dia logo chegue.

segunda-feira, 19 de julho de 2010





Sei que tenho ainda muitas agruras a enfrentar,


num bestial mundo em que a insanidade e o preconceito se fazem ficar.


Encorajo-me, ao perceber que a anestesia do felicitar


infla-me de confiança e me faz perceber a importância de amar.




Amo-me, acima de tudo.


E amo também as pessoas que se deixam amar.


De todas as formas,


sem o medo ou a aversão ao diferente.

...



Tudo fica como uma bola de neve
quando a auto-estima abaixa.
Frases são distorcidas,
lembranças reprimidas,
e o doce ímpeto de abarcar o mundo num sorriso se desfaz.

e não adianta nem mesmo o fingimento de um status quo.

Regozijo-me




Com o doce sabor de ser pleno.
Com essa bela graciosidade, que é a completude.
Com um suspiro de felicidade,
reafirmo-me, um pouco mais, a cada dia.
Com a dádiva de não me aborrecer mais,
não como antes, com os dissabores do preconceito.

Regozijo-me de ser eu.
De ser eu mesmo, em todos os atos,
no anfiteatro de minha história.

Fogo & Gelo *

Alguns dizem que o mundo acabará em fogo.



Outros dizem, em gelo.



Pelo que conheço do desejo, fico com quem prefere o fogo.



Mas, se tivesse que perecer duas vezes,



acho que conheço o bastante do ódio pra saber que



a ruína pelo gelo também seria ótima.



E bastaria






* Texto de Robert Frost

Declaração


Queria muito poder falar com você com calma.

Me dê uma chance de te provar que eu te amo, vái?

Eu sei, e espero que você também saiba

que esse é o sentimento mais lindo

e também mais intenso que já vivi.


Tentei mesmo te esquecer, eu juro.

Mas não há como me livrar da tua lembrança.

É pedir demais pra mim.

Queria tanto que você me dissesse que tem medo de se envolver,

medo de se apaixonar, pôxa!

Eu sei que eu te amo!


Sei também que estou sendo piegas, mas não me importo.

Tudo pela possibilidade de sentir de novo seu hálito,

sentir a aspereza inebriante dos seus lábios

e o toque engraçado e docemente descabido da sua mão na minha.

Queria que me dissesses que teríamos outra chance.

E espero por isso com o mais lindo do que há em mim.


Eu amo você.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Doce quietude



A eminência de uma perda sempre se dá de maneira sutil.

A leve sensação de desagrado.

O torpor da lágrima.

A proximidade do não ter mais.


Leve-me de uma vez o que lhe cabe,

e extermine com meu sofrimento

a doce quietude, ó morte!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Mau final



Essa noite dormi um sono sem sonhos.

Me deixei levar pelo torpor da melancolia,

causado pela ausência do teu abraço.

Pela ausência do teu perfume

e dos seus modos pueris.

Tento, mas não convenço-me

de que tens mesmo que ir embora.


E nessa profusão animalesca de saudade e incompletude

sinto-me anestesiar.

Queria mesmo que se fosse de uma vez.

Sem essa de nos darmos como amigos.


Me ajude a me livrar desse torpor

e dilascere de vez minha alma.

Tire-me dessa dormância

e me deixe a fenecer, sem seu amor.


E prive-me da esperança.


Meu doce Veneno.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Espero até que você me ame





Seu olhar ainda me estonteia.
Depois de tanto tempo, mesmo
o meu coração refreia.
Ao perceber que sua lembrança
ainda é viva e bela em mim.
Mesmo com as negativas,
não me convenci do fim.

E os dias proibidos
de beijos em parques frios
me vêm em pensamento,
com seus modos arredios.
Parece até que as trocas
de carícias, no banheiro
aconteceram-nos ontem
e se repetem o tempo inteiro

em meu devanear.

Permita-me lembrar de ti
e sentir casta saudade.
Permita-me gostar de ti
com tal besta intensidade.
Me deixe suspirar por ti
sem medo algum de sofrer.
Me deixe a esperar por ti.
Eu espero o amanhecer.
Sem querer.

Bem-querer.

Meu Viver.

Espero, até que você me ame.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Outro feliz achado...


"Estou cansado do lirismo comedido.

Do lirismo bem comportado.


[...]


Quero antes o lirismo dos loucos.

O lirismo dos bêbados.

O lirismo difícil e pungente dos bêbados.

O lirismo dos clowns de Shakespeare.

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação!"


Poética - Manuel Bandeira

sábado, 15 de maio de 2010

Amar-te sutil e animosamene


Me deixe aprender a amar-te.

Mergulhar entre teus olhos

e poder não me afogar.

Deslizar entre seus braços

e um afago lhe ofertar.

Sem medo de me perder

nessa profusão deliciosa que é o seu abraço.


Me deixe aprender a amar-te.

Lembrar-me de teus receios

e poder fazer-me rir.

descobrir-lhe os anseios

e poder tais repartir.

Tornar-me cúmplice, na súplica

daqueles que querem enchergar teu sorriso.


Aprenda a amar-me também.

Mesmo que não sigamos a mesma cartilha,

ensinemo-nos e completemo-nos.

Sutil e animosamente

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sigamos tais leis:


Artigo I:


Fica decretado que agora vale a verdade.

Agora vale a vida.

E de mãos dadas marcharemos todos

pela vida verdadeira.


Artigo II:


Fica decretado que

todos os dias da semana,

inclusive as terças-feiras mais cinzentas

têm direito a converterem-se em manhãs de domingo


[...]


Artigo XII:


Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.

Tudo será permitido.

Inclusive brincar com os rinocerontes

e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.



Parágrafo único:


Só uma coisa fica proibida:

Amar sem amor.




>>>Extraído de "Os Estatutos do homem (Ato Institucional Permanente)" , por Thiago de Mello

terça-feira, 20 de abril de 2010

...e tome racionalidade!!


"... heroísmo no comando,

violência sem sentido e

toda a detestável idiotice

que é chamada de patriotismo.


EU ODEIO TUDO ISSO DE CORAÇÃO"


Albert Einstein

...um célebre pensamento


"Bebamos!

Nem um canto de saudade!

Morrem de embriaguez na vida as dores!

Que importam os sonhos, as ilusões desfeitas?

Fenecem como as flores!"


José Bonifácio

terça-feira, 13 de abril de 2010

Apenas algumas observações...


Penso na vida

como se me fosse um rascunho disforme.

Um desenho embaraçado

que aos poucos se desdobra e organiza.


Coisas que antes eu via como

improváveis, absurdas,

hoje são abraçadas por mim

com uma alteridade digníssima.


Gosto de me fazer amar.

E de me fazer amado.

E de me fazer amável.


E não condeno mais nenhum tipo de amor.

Não como antes.

Não. Definitivamente.


E que os pássaros chirleiem porque querem.

E que as virgens se percam no mundo, insanas.

E que todos gozem da alegria.

E, porque não? Gozem com alegria, também.

Sexual e ideologicamente.


Que esse rascunho grotescamente esboçado

representando os tropeços e percaustos da minha vida,

faça-se cada vez mais, e a cada dia mais

amassado e revisado.


Visto que quero muitas vezes mais voltar atrás.

Passar a boracha em um passado às vezes tido como lindo, noutrora,

mas que sempre precisou se revisar.


Um brinde a todo o amor que no mundo houver!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Mutações...




Meu corpo muda junto com a minha mente
Vadio e demente.
Maluco e doente.

Tudo o que ocorre não depende mais de mim.
Me esqueço do fim.
Me esqueço de mim.

Se quero, enfim, me libertar desse meu ser
me faço morrer.
Me faço viver
em uma outra realidade alternativa.
E páro com a vida
antes não vivida.

Me liberto dos costumes podres
e dos modismos nobres
e das cacofonias.

E então me dispo do orgulho enorme,
pôtrido e disforme.
Atroz agonia.

E não me venhas a dizer que é feio,
que sentes receio
em viver assim.

Pois esse mundo que aprendeu que é belo
é um mero castelo que aprisiona a mim.

Deixe-me a fugir, com os devaneios de minha mente.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

...by Arehy Fraga


A vida tem poesia?
A vida tem poesia!
É tudo que queria!
Que queria?

Que quero.
Que amo.
Que prezo.

Vou pro cemitéro
ou vou ser cremado?

Basta!
Já estou aqui porque fui ejaculado.

Duvidas?

Xikito


"Vocês não gostam
de boca dura.
Meu protesto
LÓGICO - COERENTE
advém do que falo com discernimento.

Vocês não gostam?

Viva a cerveja!"

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

...UoooU!




...e pouco a pouco eu te desnudava...
...e pouco a pouco você me envolvia...
...e pouco a pouco meu corpo vibrava...
...e pouco a pouco você assentia...
...e pouco a pouco amavamo-nos!

Clichês



Fico entretido em seus olhares quando passas por mim.
Nada me importa mais no mundo quando me olhas assim.
Nada consegue abarcar tamanha grandiosidade.

Fico questionando os bons deuses que trouxeram você,
qual foi o momento celeste de imenso prazer
por qual passavam ao fazer você tão lindo pra mim.

O amor sempre foi a mim tão estranho antes de te conhecer.
Um sentimento vil de posse, sensação de poder.
Era o mesmo que privarem-me de minha liberdade.

Hoje vejo o quanto fui vazio por não poder te amar.
Dar-lhe meu coração aberto, meu carinho ofertar.
Agora sei que, sem você, a mim não existe a verdade.

Minha razão de viver é você.
Minha pieguice incontida é você.
Meus olhares abobados e sentimentalismo.

A tampa de minha panela é você.
Minha eterna alma gêmea é você.
Flores roubar de jardins e ofertar-lhe, aos sorrisos.

Ha! Como é bom ter descoberto os clichês!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Pequenos & Grandes



Algumas dúvidas me enervam.
Como a dúvida que há entre a modéstia e a pretensão.
Quero pensar que sim, mas teimo em pensar que não.
Pretendo dar as caras, mas os comedimentos me brecam.

Sócrates sim, foi esperto
por afirmar que só sabia que nada sabia.
Conseguindo abarcar o mundo
com uma auto-negação
e também auto-afirmação.
Falsa ilusão não concordar.

É preciso parar pra pensar.
Às vezes, merecemos mesmo o júbilo.
Como também há momentos nos quais
merecemos o fundo do poço.
Mas a medida precisa entre os dois
é que é difícil perceber.

Difícil se pensar.

Me resta apenas me entregar à minha pequenez
e à minha grandiosidade.
Não necessariamente nessa ordem.

E lá vamos nós...!!!



Não sabes o quanto me sinto enojado!
Parece-me que os pré-conceitos se fizeram banais.
Ninguém mais se preocupa com o respeito,
com a alteridade, ou com o outrem.
Enxergam a normalidade
como sendo conseguida por uma única fórmula.
Como se devêssemos venerar apenas o azul,
e desprezar o amarelo.

Sexualidade.

Etnia.

Religião.

Apenas expressões de diferentes formas de pensar.
E sem a diferença, não havereia o diverso.

Múltiplas culturas.
Múltiplos olhares.
Múltiplas direções.

Que cada um escolha aquilo que mais lhe agrade.
Mas sem deixar de abraçar e respeitar o diferente.

Que não veneremos mais nossa incompletude e nossa unidade.
Unidade essa propensa ao mal.
Pretensiosa e insana.

Que amemos, então, a diferença.

Leva-me.

Arrasta-me pelas mãos

e leva-me.

Faça-me devanear eternamente

por entre os recantos mais inebriantes do amor.


Agraceia-me com tua luz.

Com tua doce aspereza

E com tua cruz.

Carrega-me no teu peito,

assim como carregas teu deus.


Profana-te, entre delírios

e entrega-te a mim,

pois eu sacrifico-me a ti

tendo por testemunha o gozo.