segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

AMOR PERFEITO


Ó, amor meu!

Amo-te tanto, e tão puramente!

Sem receios de me dar por inteiro.

Amo-te louco, vadio e demente.

Como se amor esse fosse o primeiro.

Como se o mundo fizesse acabar

todo o restante que não é você.


Ó, amor meu!

Faça findar toda essa distância

que nos separa dolorosamente.

Faça findar entre nós a inconstância

que nos causa chagas e deixa doentes.

Deixa doentes nossos corações

que já não sabem quanto podem dar.


Ó, amor meu!

Esqueça agora do mundo imperfeito.

Vislumbre em nós a total perfeição.

Dê-me aquilo que é meu por direito.

Teu corpo, tua alma e teu coração.

Pois sim, os meus já sã teus a bom tempo

que acho direito cobrar-lhe atenção.


Ó, amor meu!

Vamos! Sim, vamos agora!

Bailar nos infindáveis salões do desejo!

Rodopiar nos confins do gracejo

e degustar um do outro do beijo!


Alimento divino esse

que no meu íntimo

deixa pétreas e apetecíveis lembranças.


Lembranças essas que devo eternizar

no mais além do ideológico.


Deixe-me dar-me a ti

e dê então, a mim

todo o seu ser, empírico e imaginário.

"CÁLICE"


Ha! Como as pessoas falam, às vezes!

Sem propriedade alguma.

Como se as palavras fossem jorros de vômito

os quais basta cutucarmos a goela

pra se darem ao mundo.

IMUNDO.


Não sabem o quão delicioso é

nos darmos um tempo

e contemplarmos o silêncio.

Só você e o não-falar.

Você e o não-verbalizar.

Não pecar pelos excessos.


Já que não conseguimos silenciar

as vozes de nossos pensamentos

que silenciemos a voz física.

Descansemos nossas línguas

e nossas cordas vocais.

Coloquemos no vácuo nossos gritos,

nossas lamúrias e ais.


Calemos os discursos enfadonhos

os estrangeirismos medonhos

e os tagarelas insones,

sem travas na língua

e sem freios no comunicar.


Imaginemos que entre o pensar e o verbalizar

haja uma ponte levadiça.

Que só a baixemos

quando tivermos a plena certeza de que

não ocorrerão acidentes.

E que todos os ouvidos sairão ilesos.

Calemo-nos!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

INTIMAÇÃO (Íntima Ação)


Venha.

Venha até mim e se entregue.

Dispa-se de seus falsos pudores

e de seus falsos Armanis.

Se entregue a mim, apenas.


Venha.

Venha e me entregue seus lamentos.

Me entregue suas injúrias

e principalmente seu sexo.

Façamo-nos gozar

toda e completamente.


Não sinta receios de mostrar-se a mim.

Todo o seu ser repugnante já a mim se mostrou.

Com todos os egoísmos e dissimulações.

Basta mostrar-me agora seu corpo.


Sei que todo o seu moralismo não passa de um devaneio.

Contente-se, então, com o pouco que lhe dou.

Se não fosse por mim, já estarias tu jogada às traças.


Venha agora dar-me prazer.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Em meu ensimesmar




Parece-me que recobro a lucidez.
E volto a perceber que me enganei.
Que fui além do que devia.

Tudo do que outrora duvidei
explicita-se agora, de fato.
Tudo o que outrora não foi, agora seria.

É certo que não mais nos olhamos como antes.
É certo também, que não mais me vejo como antes me via.

Não me enxergo mais alheio, entregue, totalmente submisso.
Me noto com força invencível.
Sereno, porém ativo.
Sem me apetecer com o compromisso.

Compromisso esse de amar você.
E de fazer-te amar-me.
Não mais isso! Orá vá! Isso não mais!

O compromisso agora é fazer-me amar-me.
Sem medo algum das redundâncias e ladainhas.

Entrego-me, de bom grado, a mim.
Sem medo nenhum de que você me alcance
em meu "ensimesmar".

Que não me ouçam os elfos



O vento seria pouco.
Seria pouco o vento eu dar-te.
Tão magnânimo se faz seu respirar!

As nuvens seriam pouco.
Seriam pouco a dar-te.
Quão singela se mostra a opacidade de seu olhar!

As flores seriam pouco.
Não lhe daria apenas elas.
Seria um insulto a seus lindos cabelos.
Tão perfumados e sedosos o são!

As águas seriam pouco.
Tão pouco, ao se comparar
com a vivacidade transposta em seus gestos.

Espero que, então, te contentes com menos.
Pois se o vento, as nuvens, as flores e as águas nada são,
ao compararem-se a ti, o que sobra a mim?

Sobra apenas minha completa entrega.
Que o vento e as flores me perdoem.
E também as águas, e também as nuvens.
E também os elfos.
Prefiro me entregar a ti.
Tão perfeita se mostra sua natureza esplêndida!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Liberto-me a ti novamente


De cada um de seus trejeitos

me lembro com animosidade doentia.

Mesmo de seus loucos defeitos

sinto falta tamanha!

Dos de outrem, não sentiria.


Recordo que, nunca alguém assim fez-me suspirar.

Nunca alguém assim fez-me apaixonar.

Nunca alguém assim fez-me tão seguro.


Parece-me que tudo ao meu redor faz-se inexistir.

Tudo o que não seja você se faz sumir.

Todo o resto do mundo.


Apenas você e eu, de novo

é tudo o que quero.

E o quero com intensidade e desejo bestiais.

Quero de novo os palavrões

e de novo os ais.

Quero, de novo, as algemas e todas as vendas.

Quero de novo, você.

Toda e completamente.


Quero poder menear entre o céu e o abismo.

Gozar de seus riso e espontaneísmo.

Gozar de seu ser e

gozar de ser seu.


E um dia lembrar-me do quanto fui feliz.

Enfim, liberto-me a ti, novamente.

Sem você... ...um pouco a cada dia





Porque é que,


por todos os deuses,


não consigo te esquecer?


Porque é que sempre tenho que te enxergar em outra pessoa?




E todos me dizem que não.


Todos me dizem: "Já basta!"


Inclusive você.


Mas eu teimo em responder ao mundo:


EXPLODAM-SE!




Não é que eu esteja parado no tempo.


A questão é que


você fez-se ficar, em meu tempo.


E de tudo, em mim, toma conta.




Sei que seu "não" teima em deixar entrever seus ciúmes velados.


Sei que seu "nunca mais" nunca mais fazer-se-á completo.


Me basta poder perceber


que, a mim, seu sorriso continua igual.




Você não sorri aos outros como sorri a mim.


Você não quer se deixar entregar,


mas também não quer que eu me entregue a outrem.




Como entender?




Talvez nossa história ainda queira voltar.


Qual é o orgulhoso que, enfim, vai ceder?


Não posso saber.




Espero somente que a resposta logo venha.


Pois sem você, morro uma vez mais,


um pouco mais a cada dia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

REMAKE


Sempre insisto em pensar no nunca mais

mas ele nunca acontece.

Por mais que eu queira e deseje a novidade

o passado sempre me apetece e enlouquece.


Não mais queria voltar a pensar em ti.

Lembrar de tua boca doce com tal ar de nostalgia.

Mesmo das brigas, onde me enfureci,

sinto uma saudade imensa!

Até entre tapas eu ria.


Ria por ansiar a reconciliação.

Ria por saber que depois dos tapas viriam os beijos.

Me perdoem a grotesca pieguice,

mas era bem assim que se tinha nosso refrão.


Refrão da musica que foi e será de novo nossa vida.

Me parece hoje que o repertório se quer repetir.

Quero muito insistir em de novo errar,

cair de cabeça nessa maluquice,

na qual meu desejo se concretiza.


Quero de novo os ais.

Quero de novo, e mais.

Quero poder te afagar

e de novo poder brigar.


Pra me convencer enfim,

do quão acertado será esse erro.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

...




Pra que devo insistir em te amar?
Em meio a devaneios, me recordo
que todo nosso deslumbramento
foi mais curto que pensei.

Parece-me que somos de mundos distintos.
A reciprocidade findou-se
e a verdade finalmente veio à tona:
NÃO FOMOS FEITOS UM PARA O OUTRO.

Nosso conto de fada virou conto de bruxa.
Sininho não mais contornou seus ciúmes
e torceu o pescoço de Wendy.
Cabe a mim, Peter Pan,
não enlouquecer em minha infinitude.

Já basta!
Nos enclausuremos cada qual em seu casulo
até que seja dada a hora
de nossa liberdade.

E que nossos caminhos não mais se cruzem.
Para o bem de nossas almas.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Falsa Modéstia


Ás vezes é chato

não proceder de acordo com o recomendável.

Mas pode ser imprescindível.


Não quero que você me olhe

mas seus olhos me fuzilam.

Não quero chamar a atenção

mas é como se um melão tomasse o lugar do meu crânio.


E é tudo tão confortável!

Me deixo ficar.

Mesmo com o tempo me lembrando a engrenagem que sou.

E o resto do mundo ditando o quanto sou desprezível.

Substituível.

Reciclável.


E me falta até a vontade de mandá-los explodir.

Que me odeiem.

Me maldigam.

Não me apeteço com minha temporária insignificância.


Quero apenas deixar-me morgar

pra um dia poder me lembrar

da magnificência de minha grotesca identidade.


SALVE-ME


Estou perdido.

Perdido em devaneios

que não deveriam retornar.

Perdido entre lembranças

que outrora fizeram chorar

mas também acalentar

meu confuso coração.


Por que me lembro de você com tanto ódio

e também com tanto ardor?

Como é que ainda consigo sentir saudades

se, outrora senti dor?

O seu patético sorriso de palhaço não sái mais de minha mente.

Mesmo sabendo que seu jeito irritadiço me fez ficar tão doente.


Estou perdido.

Perdido em seus lábios entrecortados.

Perdido em nossos sombrios dias nublados.

Perdido em você e

perdido por você.


Perdidamente louco por você, enfim.


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Insight




Por que a dor demora tanto assim?
Por que a tristeza custa a findar?
Momentos de alegria são tão curtos...
à pouco o presente passado fez virar.

E não há modo de não se deixar
aos poucos anestesiar.
Dormente sentimento.

Que a morte então cravou no meu bailar.
Bailar da pulsação,
que zera, por contento.

Só espero que, nas valsas do infinito, um grito ecoe.
Fazendo-me lembrar, clarificar lembrança.
E peço que minha pétrea lucidez sim, me perdoe.
Prefiro-me a sofrer. Não vou perder a dança.

O bailado fugaz de meu tormento.

Versos de amor vomitados




Adoro tanto te amar!
Adoro. Ha! Como adoro!
Sem medo de me perder
em meio a clichês e ladainhas.

Dane-se! O mundo é lindo
quando tenho você perto de mim.

E te rodopiar em meu balanço.
Jogar areia em seu cabelo.
Assoprar seus cílios.

Sentir seu cheiro acre de manhã.
E planejar nadar.
E planejar ter filhos.

Ha! Como eu adoro, de novo, tanto te amar!
E de novo, e de novo.
E ainda mais uma vez.

Mesmo com suas tentativas frustradas de cozinhar.
Arroz de forno com você tem outro gosto.
Qualquer um, outro, menos o de arroz.
É mesmo o amor.
E olha que nem pagaram o merchandising.

Adoro. Ha, como adoro!
Adoro poder repetir.
Mil vezes e ainda mil vezes
o quanto adoro te amar!

Beije-me então.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Poema de um ébrio




Precisamos de muito pouco pra sermos felizes.

Nos basta uma esferoferográfica velha
e o bom e velho copo de vinho
pra que o mundo todo se traduza em alegria intensa.

Um gostoso encontro com amigos de muita longa data
e uma folha de papel, com pautas ou sem,
pra que um bebum apaixonado pela vida
faça-se entregar de bom grado ao mundo, em registro.

Mesmo que não o amem
com tanta intensidade quanto há
na força e na dedicação contidas nessas linhas,
a ele basta.

Lhe basta o privilégio de poder amar.
INCONDICIONALMENTE!

Mesmo no escuro.
Ao som de músicas que embalam
a curta vida de um ébrio,
ele se ispira.
Apenas por cogitar a possibilidade
de que seus versos toquem o coração de alguém.

Àqueles que vos ama, dirá:
-Vos amo!
Àqueles que não vos ama, dirá:
-Vos amo, também!

Pois mesmo o sentimento de ódio
está envolto pelo amor incontido,
ganancioso, representado pela inveja.

Agora, bem agora
que a névoa da embriaguez se dissipou,
junto à minha imaginação,
o reconheço.

Esse eterno poeta sou eu,
que me fiz envolto, obscuro, secreto,
justo por não querer me identificar
num mundo em que todos sentem medo de dizer
o quanto amam a vida.

16/07/2009, por José Henrique, não mais tão bêbado assim, numa noite de inverno.

Apenas lágrimas


Lágrimas.
Apenas lágrimas.
Rios de incompreensão.
Nuvens de desejos incontidos.
Apenas lágrimas
de sinceridade e comoção.
Que se dane se o mundo é frio.
Permito-me chorar.
Que se exploda o tal mundo seco.
No lume do pranto me compreendo.
Vá pro inferno o insano machismo.
Lágrimas doces me fazem mais pleno.
Que se evapore a frieza e a apatia.
Lágrimas expulsam todo o seu veneno.

O Sistema do Quadradismo Perfeito




Entre o pranto e o escárnio.

Entre o riso e o descontrole.
Desenha-se minha fragilidade.
Fazendo-me temer o amanhã
desenhado por incompreensivos insanos.

Palavras aqui sinceramente eternizadas
para exterminar o medo
da eterna sensação de solidão.

Bestas imundas são aquelas
que não sabem lidar com a diferença.
Que choram e gemem por um câncer
e riem de um T.O.C.

Bestas.
Daquelas do inferno, mesmo.
Do doloroso e impiedoso inferno
do sistema do quadradismo perfeito.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Entregue




Numa idéia vazia me perco.
Num pensamento reticente de inquietude,
de incompletude, o revés do amor.

Numa noite sombria me deito.
Com navalhas cortantes de fúria
servindo de travesseiro.
E o desespero como cobertor.

E não há meio de não me prender.
De não me enclausurar por detrás dessas grades limitadoras
que norteiam minha existência com o fracasso.
O doce pensamento de fracasso,
que no meu íntimo deixa chagas destruidoras.

E o mais impressionante
é que, no meu masoquismo doentio,
permito-me sofrer.
Deixando-me levar
com uma apatia demente.

Parece que, de bom grado
Decido parar de lutar.
Mesmo sabendo que assim
alieno meu inconsciente.

O prólogo de um fim




A mim já basta!

Chega de promessas de amor!
Chega de deixar-me enganar por palavras doces
proferidas em momentos de ânimo patético!

Sabemos muito bem que nada é assim tão fácil!
E eu, de tão imbecil que fui,
imbecil não serei mais.
Cansei de entregar-me ao vazio.
De amar o "não-sentimento".
De esperar a alteridade que nunca existiu,
a não ser de parte minha.

Guardemos nossas lamúrias
em nossas caixas-de-Pandora,
que dessa vez, lhe asseguro,
não haverão de ser abertas, jamais!

Que nos entupamos de brigadeiro
e nos esqueçamos.
Por todo o restante do sempre
e até que alcancemos o nunca.

domingo, 9 de agosto de 2009

Ora, vá! Explodam-se todos!!




Falam-me como se eu tivesse culpa.

Como se quizesse eu vê-los sofrer.

Mal sabem eles que toda a ira,
em seu sofrimento insano de dor e gozo
se encontra, em sua plenitude, dentro de mim.

E não me bastam os pedidos de calma.
E não me alcança o comedimento.
E menos ainda, a compreensão.

insano mundo esse nosso,
que só enxerga o perfeito
numa imunda fôrma padrão.

Me deixe a minguar, no cosmos

Parece-me que, enfim, percebi
o quão belo me parece o universo.

Tudo o que posso ver.
Tudo o que posso tocar.
Tudo o que posso cheirar.
Tudo o que posso lamber.
Tudo o que posso ouvir.

Tudo em overdose.
Tudo magnânimo!

Beleza desenhando-se em traços faciais.
Momentos jocosos, em que perco-me em patetices.

E tudo é tão lindo!
Tão, tão lindo!
Que deixo-me levar pela imensidão do cosmos.

E desse labirinto não me dê a saída.

Quero morrer perdido.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Doce, minha inconstância

De repente, nessa minha pequenez
descubro um mundo.
Um mundo de oportunidades,
que outora não enxerguei.

De repente, nessa minha insensatez
percebo o mundo.
Percebo-o de uma forma
antes tão incomum.

E amores se fazem tão mais presentes!
Desamores também, sim.
Mas logo logo se vão.

E com os erros eu aprendo muito,
mas muito mais.
E cresço de um jeito tão belo!
Pra muito além do clichê.

E nessa doce inconstância me construo.
Procurando fazê-lo bem.
Procurando fazer-me pleno.

Mesmo que sendo numa plenitude controversa,
percebo que, só assim
alcanço meu eu supremo.

Tributo

Minhas mais sinceras congratulações
a todos aqueles que se dizem
amantes eternos da vida.
Mesmo concebendo-a em sua finitude.

Aplausos vigorosos dirijo
a todas as pessoas que se animam
e ganham o resto do dia
ao contemplar a doçura
de um olhar de criança.

E àqueles que insistem em continuar a bailar
mesmo quando a valsa já findou.
Como se quizessem fazer da vida
uma dança gostosa e infindável.

Admiradas sejam as formosas damas
que despertam nos rapazotes o anseio,
jogando ao vento sua castidade.
Eles precisam realmente disso!

E abençoados sejam todos
que no frio cortante da noite
despertam e aquecem corações
com serestas apaixonantes.

E que brindemos o amor!
E que brindemos, ao luar

E que gozemos da eterna vida!
E que gozemos da etérea vida!

Fazendo-nos crescer
na sutileza de nossa plenitude.

segunda-feira, 18 de maio de 2009





Ha! São tantos os quase-amores de minha vida!

Tantas são as mulheres que se entregaram por quase-completo a mim!

E eu na minha quase-certeza, de que era quase-feliz...


Inúmeros foram os momentos de quase-gozo, quase-completude, e mesmo quase-satisfação.

Quase-não me feri.


E hoje, nessa quase-identidade

busco, em minha quase-sensatez

alguém que me tire dessa quase-tristeza,

que até mesmo ela não me veio por completo.

Mas quase...

Amor primeiro

Amor primeiro meu foi o que senti por ti.
Vislumbrei, num relance, seu colo
e nada mais importava.

Seus olhos, entregues aos meus
fizeram-se reluzir.
Me estiquei no gradil e roubei uma rosa
que logo eu lhe ofertava.

Tenho a plena certeza
que desenho perfeito não há
quão perfeito quanto seu sorriso.

E em tudo o que quero pensar
você se intromete.
De minha mente não sái
sua forma de andar e seu jeito moleque.

Amor primeiro meu.
Meu único primeiro amor.
E pra sempre o ardor.
Só minha é você,
linda flor.

A ti, amor meu...

A vida me fez apaixonar
por aquela que pensei ser a última quimera.
Num ato louco eu quiz lhe entregar
amor tão bestial, que a outra não quisera.

E desde o primeiro vislumbrar
notei em seu olhar algo que me surpreendeu.
Parece-me que foi feito pra amar
mas ainda não nota que o meu lhe correspondeu.

Mesmo que, num surto de recato, tenha que lhe esperar,
assim o faço.
Vejo em ti uma doce timidez que já me pertenceu.
E por todos infortúnios e castigos que tiver que passar,
passo.
Basta-me que, no final, seu sorriso seja meu.

E que eu sempre possa lhe escrever recados.
E que eu sempre possa pedir-lhe a indicar-me livros.
E que eu sempre possa querer-te, infortunado.
E que eu sempre possa querer ter você comigo.

Até que o seu olhar perceba o meu.
E até que o seu olhar se entregue ao meu.
Sempre te espero.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

...


Há momentos em minha vida
que são só meus.
Momentos recheados de pensamentos vadios.
Momentos em que dores não me causam calafrios.
Momentos em que dúvidas não me apetecem.
Sabe quando você ri, gargalha, e seus olhos
se enchem de lágrimas imbecis?
E não há nenhum motivo aparente.
O motivo é mostrar-se feliz.
É nessas horas que a criança dentro de você grita.
Chovem travesseiros por todos os lados,
enchem-se bexigas de água,
faz-se brigadeiro,
e chão com sabão vira pista de gelo.
E é como o sábio diz.
O importante, nessas horas, é ser feliz!
E sua barriga dói.
Você rola no chão.
Modo mesmo como você se sente
quando está doente.
Mas da doença do riso
não se pede cura.
Pode parecer imbecil de minha parte
tocar nesse assunto.
Mas, ora, vá! Como é bom ser imbecil de vez em quando!
Esquece-se das hipotecas e dos desamores.
Perdem-se no inconsciente os dissabores.
E toma conta de seu ser o gozo.
Deixe-me agora em paz, então,
pois desatei a rir,
e se me olha com essa cara de besta
não finda-se a crise.
E um poema não se faz terminado
sem o ponto final.
Deixe-me só,
com minhas patetices.
(risos)

terça-feira, 5 de maio de 2009

SÚPLICA...

Não quero que tudo se acabe.
Não quero ter que olhar em seus olhos,
e então perceber que está tudo perdido.

Em dias de treva, procurava me refugiar
em sua luminosidade.
Então, será mesmo que o brilho se perdeu?

Mesmo envolto pelo pesadelo furioso da verdade,
tento acreditar que não.
Que toda a nossa tristeza não passa de um devaneio.
Que toda a nossa distância não passa de um prelúdio.
Um aviso ruidoso de aproximação da calmaria.

E do carinho.
De todo o nosso carinho,
que sei que converterá-se em amor.
Àquele amor que um dia juramos um ao outro.

Pense no tempo em que tudo era lindo.
No tempo em que éramos recheados de sonhos.
Tempos nos quais nos eram bastantes um lençol,
uma garrafa de vinho, e a lua.

O resto se desenhava em seu sorriso entrecortado,
em nossas promessas imaturas,
e em nosso beijo.
Ha! O nosso beijo!
Que momento divino!

Nossos lábios se encontravam em sua completude.
Nossos corpos se acariciavam num toque docemente rude.
E nossas almas eternizavam-se,
acalentadas pelo desejo.

Peçamos, então, perdão aos deuses
e nos agarremos a essa centelha,
pra reconstruir do nada
o nosso antigo e aguerrido ardor.

Ainda quero te amar.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Divagando...



Às vezes, me sinto meio assim.
Meio sem motivos.
Meio sem palavras.
Meio sem saber
o que há.

Mesmo que tudo o que entendo por real
se torne a mim, impalpável,
ainda assim
não conseguirei explicar
toda essa profusão de borboletas
se agitando em meu estômago.

Parece que tudo deixa de ser
pela proporção do normal.
Um beijo se torna um sonho.
Um olhar se desenha em crepúsculo.
E a vida toda se torna ganha
ao vislumbrar-se o doce traço de um sorriso.

Pelo que bem o sei
tudo isso parece tolice.
O que há de se fazer?
É um risco que corro.
Morrerei, então, um tolo.

Epitáfio


No fundo dessa lápide fria
repousa um corpo fétido e pálido.
Mas quando via a luz do dia
tal corpo era belo e cálido.
Assim fui eu
em minha existência terrena.
Uma pessoa plenamente bela.
Bela de sentimentos.
Bela por cativar amigos.
Bela por traduzir-me
em amor.
Assim o fui.
Aos que virão, deixarei tudo pronto.

Em Ti Me Encontro

Busco a beleza da mais fina flor.
Acho seus olhos.
Procuro o toque do mais terno amor.
Sinto seus lábios.

Quero conforto em momentos difíceis.
Percebo sempre um sorriso em seu rosto.
Tenho desejos quase inconcebíveis.
Você procura atendê-los com gosto.

Gosto gostoso, gostar de você.
Gosto gostoso, sua mão em meu peito.
Gosto gostoso, gozar em viver.
Gosto gostoso, gozar em teu leito.

E desse leito alcançarmos o céu.
E desse céu não descermos jamais.
Nos deleitarmos do mais puro mel.
Nos entregarmos de novo aos ais.

Eternizando, no além do universo
cumplicidade, amizade, alegria.
Eternizando, no além desses versos
momentos doces, vital sincronia.

Busco no amor a razão de viver.
Olho em seus olhos.
Quero aquecer-me, fazer-me tremer.
Mordo seus lábios.

Se todos querem me amaldiçoar
acho conforto em seu lindo sorriso.
Em você, sempre me sinto sonhar.
És meu total paraíso.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

E amamo- NOS



Peguei em suas mãos como se isso fosse um crime.

Pesquei todos seus olhares.

Segui seus passos.

Velei seus sonhos.

Me entreguei completamente a todos os delírios.

Deixei-me ficar no chão.

Retorci-me me posições.

Fremitando de desejo.

Desejo que se recheava em amor.

Amor que se desenhava em momentos.

Cumplicidade, amizade , companheirismo,

tidos como traços de um crime vil.

Será proibido amar, como todos lá fora amam?

Será proibido gozar, como todos também gozam?

Sozinho, desejo, em flor, que o fruto se sustente.

E não se deixe cair, com o duro e cortante vento.

E aliso os seus cabelos tão macios e cheiorosos.

Brinco com seus lábios, sinto-lhe o hálito fresco e envolvente.

E de novo os ais .

E de novo o tremor.

E de novo o suor.

De novo tornamos a nos entregar

numa reciprocidade invejável

e sintonia precisa,

como nos grandes banquetes.

E assim,

depois de deliciados pelo néctar divino,

sentimo-nos energizados

para enfrentar todas as mazelas,

criar poemas e vencer guerras

contra os isentos de amor.

A Neo Poética

Procurando rimas, descobri
que nem sempre uma mesóclise é cabível.
Meneando formas, percebi.
O tal pretérito perfeito é horrível.

Busquei no mais-que-perfeito o porquê.
E o maior dos porquês foi a perfeição.
Mas me irritei intensamente ao saber
qual é o vocabulário da erudição.

Um poema erudito se desenha
recheado de grotescos palavrões.
Vocábulos estranhos, inimagináveis.
Nunca caberiam em refrões.

Quase me magoo em poesia.
Quase a poesia me magoa.
Recobro o orgulho e a alegria
ao saber o que um poema ecoa.

Ecoa emaranhados de lembranças.
Ecoa muito mais que verbos e pontuação.
Ecoa, na memória, idéias de criança.
Ecoa, num só lance, em alma e coração.

Por isso é que. aqui, me desapego da métrica.
Por isso é que, agora, me desvencilho da rima.
Por isso, num intuito, crio neologismos.
Ais-que-ais de uis-que-uis de narcisites.

Por isso é que amo a poesia.

Amor Patrístico


Todos os dias eu me lembro de você.
Impossível me esquecer do seu rostinho de criança.
Todos os dias eu me lembro de você.
Que me fez sorrir, chorar, fazer passar tanta mudança.
Todos os dias eu me lembro de você.
De quando me apertava, me puxava e me mordia.
Todos os dias eu me lembro de você.
Do quanto sabia amar, cada vez mais, a cada dia.
Até parece que todo o mundo mudou.
Seu jeitinho de palhaça já não mais me atormenta.
Até parece que todo o mundo mudou.
Não posso mais fazer figa com uma bala de menta.
Até parece que todo o mundo mudou.
Me lembro perfeitamente da sua massagem na nuca.
Até parece que todo o mundo mudou.
Lembro quando minhas palavras te colocavam maluca.
Será que um dia vai querer voltar pra mim?
Retornar às madrugadas de bobagem ao telefone?
Será que um dia vai querer voltar pra mim?
Às noites intermináveis, onde me fazia homem?
Será que um dia vai querer voltar pra mim?
Aos domingos, a pracinha, o churrasquinho na brasa.
Será que um dia vai querer voltar pra mim?
Aos domingos a pracinha se fazia nossa casa.
Não vejo como vou viver sem ter você.
Sem os seus erres puxados e seu amor pelas fotos.
Não vejo como vou viver sem ter você.
Ninguém vai saber contar aquela piada dos porcos.
Não vejo como vou viver sem ter você.
Sem sua pura inocência de fazer mudar o mundo.
Não vejo como vou viver sem ter você.
Nós dois juntos, nos amando, num toque lento e profundo.
Todos os dias eu me lembro de você.
Me lembro com uma saudade de mãe por filho perdido.
Até parece que todo o mundo mudou
ao saber que, sem seus olhos, me via desconhecido.
Será que um dia vai querer voltar pra mim?
Voltar à vida bandida, de amor e de loucura?
Não vejo como vou viver sem ter você.
Por isso eu escrevo aqui, pra saudade não ser dura.
Pra saudade não ser carma.
Pra saudade não ser fim.
Pra saudade ser motivo.
Te fazer voltar pra mim.
Pra saudade traduzir-se
em tudo o que conquistamos.
Pra saudade ser lembrança
do quanto nós nos amamos.
** poema inspirado em alguém muito, muito especial.


terça-feira, 14 de abril de 2009

Lusco-fusco


Quando eu rio, sinto gargalhar.
Quando eu choro, me sinto afogar.
Quando eu tremo, me sinto vibrar.
Quando me esqueço, me sinto acabar.
Quando eu suo, é pra derreter.
Quando eu durmo, pareço morrer.
Quando não quero, me faço esquecer.
Quando me aflijo, quero não mais ser.
Quando eu danço, me sinto fluir.
Quando não penso, penso inexistir.
Quando eu erro, quero desistir.
Quando acerto, sou mais que sorrir.
Quando me amo, pareço me opor.
Quando te amo, me aqueço em ardor.
Quando amamos, sentimos pavor
de então haver finitude no amor.
Por isso, me acho num mundo incerto.
Mas não mais incerto que o mundo de alguém
que apavorado em não fazer certo
se vê não vivendo, se faz de refém.
A minha incerteza é aquela que abala
a todos aqueles sozinhos no mundo.
Sozinhos por não serem compreendidos.
Podem apagar-nos a qualquer segundo.
Por isso me faço e sou, puramente
um ponto vivente no amanhecer.
Um ponto que espera, tão intensamente
que a força do amor faça então renascer.
Renasça das cinzas, perfeição sonhada!
Renasça do fogo, amor em crepúsculo!
Renasça a vida, que, se mal gozada
parece acabar, como num lusco-fusco.

Memórias Manuscritas

Escrevo essas memórias pra falar de mim.
Pra falar o quanto fui extremo ou submisso.
Mesmo que doa muito tem que ser assim.
Pra eu ter segurança em lidar comigo.

Escrevo em entrelinhas, não em linhas tortas.
Explico o quão repugnante outrora me senti.
Mesmo sabendo que nessas palavras mortas
não cabe um milionésimo do que vivi.

Do que vivi, e, porventura, ainda vivo.
Além do meu alcance se encontra o domínio.
Por trás dos labirintos dessa psiqué
guardo armas capazes de grande extermínio.

Extermínio de mazelas.
Extermínio de visão.
Extermínio da doçura
e do coração.

Extermínio da coragem.
Extermínio do querer.
Extermínio do recato
e do verbo poder.

Em um mundo, entre dois pólos
minha vida se divide.
Em um só lance de olhos,
ora choro e ora vibro.

Deixo então, em manuscrito
o que sinto e como faço
pra dominar, em conflito
o que me parece fado.

Pra poder olhar nos olhos
de alguém sem questionar
se exagero ou se reprimo.
Se sou capaz de sonhar.

E então saber se posso
sim ou não ficar feliz
por saber que por detrás de todo esse poço de insana vivacidade
se encontra um eterno aprendiz.

Centelha divina


Não é preciso viver isolado.
Basta entender o outro.
Não é preciso estar sempre acordado.
Permita-se sonhar.
Não é preciso andar sempre na linha.
A excitação pode ser produtiva.
Não é preciso andar sempre na linha.
Corra alguns riscos na vida.
Não é preciso se preocupar
a todo o tempo com o fim da vida.
Tire um minuto pra poder voar
e verás quanto a vida é fornida.
Toque campainhas e saia correndo.
Dance até tarde e perca a hora.
Ame amores intensos e fortes.
Excite alguém ao extremo e vá embora.
Mas se não tens energia pra tanto
colha uma flor num frondoso jardim.
Dedique a alguém a centelha divina
e sentirás não ter fim.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Proposta



Essa noite eu me proponho.
Me proponho a te amar
e te fazer tão louca.
Me proponho a te beijar
e lhe arrancar a roupa.
Fazer-lhe provar do mel
que é o gozo dos enamorados.
Essa noite eu me recolho.
Me recolho a seus olhares de lascívia.
Me recolho ao toque de sua pele lívida.
Me recolho embaixo dos lençóis da nossa cama.
Essa noite eu me concedo.
Me concedo inteiramente a você.
Me concedo, corpo, alma, e bem-querer.
Me entrego ao doce afago de tuas mãos.
Essa noite eu me esqueço.
Me esqueço de todo o mundo lá fora.
Me esqueço que posso perder a hora.
Mas, em ti, o mundo gira sem ter pressa.
Essa noite
e depois e depois dessa noite
farei-te provar e provar
da essência mais pura do amor.

Eterno aprendiz

Vivendo e aprendendo.
Quem diria que um dia
eu saberia
qual a fórmula do amor?

Vivendo e me surpreendendo.
Nunca imaginava
o quão magnífico seria
presenciar o nascer de uma flor.

Vivendo e experimentando.
Não sabia que poderia amar tanto assim
tantas pessoas diferentes.

Vivendo e sempre crescendo.
De tanto me machucar e cair
aprendi a técnica de levantar-me sorrindo
e cicatrizando infelicidades.

E assim eu sigo
vivendo, aprendendo,
experimentando, crescendo
e amando.
Pois não basta apenas viver.
É necessário mostrar-se vivo.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

E sigo amando


Que aventura estranha é o amor!

Desventuras vividas em série

em troca de um minuto, um olhar,

um lampejo, um brilho nos olhos.


Que aventura estranha é o amor!

Enfrentamos dragões e bestas ferozes.

Degladiamos nossas almas,

e ainda não é o bastante.

É necessário nos entregarmos por inteiro ao outro.


Que inconsequência imensa é o amor!

Não importa o quanto machuque.

Não importa o quanto corrôa.

Importa apenas que o outro esteja feliz.


Que inconsequência imensa é o amor!

Na busca pelo eterno prazer,

na busca pelo eterno ardor,

nos perdemos de algo importante: o amor próprio.


E é nessa perda que tudo se acaba.

É nessa perda que tudo se esvái.

Pois quando nos vermos sozinhos,

quando a recíproca deixar de ser verdadeira,

a quem amar?


Aliás,

quem foi mesmo que inventou o amor?




quarta-feira, 1 de abril de 2009

Felicita-me!


Inocente felicidade

me irradie intensamente

faça-me morrer de rir

Rir inconscientemente.



Hilária imbecilidade

infantilize meu ser

faça-me um total pirralho

pirralho até não mais poder.



Pensamento pueril

livra-me de todo o mal

me invada com a pureza

pureza descomunal.



Alegria inconcebível

faça-se, então, conceber

concebe-te, então, a mim

que feliz quero morrer.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ato inconsequente

Na protuberância do amor busco refúgio.
No mais íntimo do ser busco a essência.
Do que outrora fiz sinto repúdio.
Asco da minha pobre existência.

Procuro demonstrar, num prelúdio,
que no que sinto não há coerência.
E é justamente do que fujo.
Coisas das quais não há previdência.

Quando a fé parece esvaída,
pensamentos ruins me assolam.
Tentando contra a própria vida,
minh'alma pouco a pouco vai embora.

E o que me resta é apenas vergonha,
remorso e sensação de tolice.
Depois de inconsequência tamanha,
a covardia ainda me aflige.

No imenso labirinto da mente,
fagulha de razão ainda brilha.
Vejo que a razão deprimente
me fez mais solitário na ilha.

Percebo, então, que tive fraquezas
e busco a fé, antes esquecida.
E noto que a maior das proezas
é a força reluzente da vida.

Tristes lembranças

Tristes lembranças
que quero que fiquem pra trás.
Tristes lembranças
por favor não voltem mais.
Idéias pecaminosas.
Instintos errôneos.
Idéias de caos.
Afastem os maus desejos.
Afastem-me desse mal.
Por onde anda a fé, que outrora gritava tanto?
Por onde anda esse deus, ao qual procurava tanto?
Pra onde foi a alegria, os constantes e intensos momentos de gozo?
Pra onde foi a paixão? Quem foi o imbecil que apagou o fogo?
Esse imbecil fui eu,
que envolto por incertezas,
preferi perambular no escuro.
Destituído da antiga nobreza,
me fechei entre quatro muros.
Até que, no vício do ócio solitário
me perdi, me desmanchei.
Agora só cabe a mim
me reencontrar, me remontar.
Peço a deus que me dê forças.

Vazio


Sem inspiração.
Incapaz de pensar,
incapaz de agir.
Sem manutenção.
Incapaz de gozar,
incapaz de rir.
Sem competição.
Incapaz de brigar,
incapaz de correr.
Sem motivação.
Incapaz de sonhar,
incapaz de viver.
Me encontro num vazio
à beira do caos.
Meneando um mar bravio.
Existência banal.
Não mais rezo, não sorrio.
Não anseio viver.
Não alcanço mais o fio
da existência do ser.

Rimas e Desavenças

Não me prometa
ouro nem luxo.
Não me prometa
glória e honraria.
Não me prometa
a vida em resenha.
Não me prometa
descobrir a senha.

Não me apeteça
com balas e doces.
Não me ofereça
Ferrero Rocher.
Não me provoque
dizendo besteiras
ou se contradiga
bradando asneiras.

Faça uma prece.
Leia um poema.
Elabore um soneto.
Durma no gueto.

Vá pra Itália.
Vá pro inferno.
Apenas me deixe
e não mais se queixe.

Sinais



Criaturas apavorantes voavam ao redor de mim

numa profusão animalesca de susto e taquicardia.

Como se nunca mais houvesse o raiar do dia.

Como se nunca mais houvessem flores no jardim.


Levantei-me apavorado, não percebendo onde estava.

Parceia que, do nada, via-me num labirinto.

"É praticamente impossível descrever o que sinto.

É realmente impossível definir aonde vou."


Andei cerca de mil metros e só então percebi

que no céu obscuro lampejava uma estrela.

Miúda, raquítica, quase impossível vêla.

Mas então, abriu-se o chão e eu caí.


Na queda, ininterruptamente olhei àcima.

E o astro de brilho próprio parecia querer me alcançar.

Como num passe de mágica, pus-me então, a voar.

De um modo veloz e fortuito, não cabe aqui nem mais rima.


Acordei na mesma hora, percebi que sonhava.

Num ritmo descomunal batia meu coração.

Agora sim, sentia-me quase são.

Agora sim, sabia bem onde estava.


Encaixei logo os fatos, de onde vem, pra onde vão.

Um medo intenso da morte sentia em minha espinha.

E como num acesso de fúria, quando um rei mata uma rainha,

peguei da morte emprestada a foice e me livrei da depressão.

Outro triste fim

Que pena que acabou assim.
Tínhamos tanta história, tanto ardor,
amor e glória.
Não me olhe assim.
Ambos fomos culpados.
Nos deixamos levar
pelo ódio transpassado
pela fúria enlouquecida
de horror e traição.
Ao invés de nos pedirmos desculpas,
nos fizemos insultos,
nos dissemos injúrias.
mentiras do ciúme
obcessivo e compulsivo.
Anonimamente ativo.
Relíquia da morte, da destruição, do caos.
Fica aqui então minha expressão de tristeza.
Amor de tão grande natureza
pôde um dia se entregar ao ócio.

Amor Impossível

Reza uma lenda antiga
que, num dia perfeito de mar
o próprio se apaixonou.
Não por uma lagoa.
Nem mesmo por uma sereia.
Mas por uma mulher.

As pérolas mais brilhantes
e as ondas mais espumantes
o mar lhe oferecia.

Conchas pra bijuterias,
flores do mar, algas marinhas.
Oferendas do amor.

Entre elemento e forma.
Entre lugar e alma.
Impossibilidade de compatibilidade,
mas, simplesmente, amor.

Se um mar se apaixonasse por um riacho
menos mal seria
pois todo rio deságua nele.

Mas mesmo quando Fênix
(vamos assim chamá-la)
entra nas águas salgadas
do enamorado "seanhor"
não se mistura a ele.

É o que o deixa inconsolável.

Fica então a esperança
de que Fênix, ao renascer
volte pelas mãos do deus Eolos
e sopre no mar bravio
ventanias.

Maremotificando-se no mais puro ardor.


**poema embasado na musica "Ana e o Mar" de O teatro Mágico

sexta-feira, 20 de março de 2009

Possessão Furiosa

"Abassaiado".
Que diabos será isso?
Segundo tribos antigas,
lá pras bandas do São Francisco
havia um espírito da selva
que possuía as pessoas,
transeuntes, passantes,
e os deixava enfurecidos.
"Abassaiados".

O que te abassaia?

Fome
Guerra
Dor
Injustiça
Incompreensão
me abassaiam.

Intolerância
Ignorância
Impaciência
Inconsequência
me enfurecem ao extremo.

Abassaiado eu fico
por ver inocentes morrerem
no holocausto.

Abassaiadamente triste
por ver criancinhas
pedintes nas marquises.

Abassaiado estou
por presenciar inconformado
bilhões sendo jogados pelos ralos
dos banheiros de deputados e políticos.

Avidamente inconsolável
por perceber que só agora
abriram os olhos ao aquecimento.

Abassaiado
e fim.


**poema embasado na canção Abassaiado, de O Teatro Mágico

Freedom


A tão sonhada liberdade
está ao alcance das mãos.
Depende de nós
conseguirmos palpá-la.
Grandeza aparentemente incomensurável
não está longe.
Basta abrirmos os olhos para enxergá-la.
Assim que não dermos tanta bola
para as bobagens da televisão.
Assim que aprendermos
a ler nas entrelinhas.
Assim quejogarmos fora
de vez o preconceito.
Assim que conseguirmos atenuar
o motor do capitalismo.
Assim que aderirmos por completo
à tão falado consciência ecológica.
Assim que nos dermos um instante
para ver desabrochar uma flor.
Assim que atacarmos a guerra
a morte, a fome, todo esse horror.
Assim que tirarmos de corações de pedra
a essência do amor.
Aí sim.
poderemos abrir as asas
e só então
aprender a voar.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A fatia desmedida

Quanto mais corremos
mais cansados ficamos.
Quanto mais vivemos
mais mortos estamos.

Quanto mais choramos
menos tristes ficamos.
Quanto mais comemos
mais famintos ficamos.

Quanto mais ganhamos
mais perdendo estamos.
Quanto mais nos achamos
mais perdidos nós somos.

A fatia desmedida
reação em cadeia
cresce como se uma aranha
tecesse uma teia.

Sabe tudo, vê-se em tudo
mas não sabe de nada.
Enxerga tudo, palpa tudo
mas não crê em mais nada.

Garimpando convivências
vivendo na Terra.
Disputando conhecimentos
como numa guerra.

Só podemos ser felizes
vivendo assim.
Positiva decadência.
Nunca terá fim.

Pavores

Medo exacerbado.
Impotência.
Repugnância intensa.
Pavores.
Toda forma de aversão.
Resistência temerosa.
A distância é a essência
dos pavores.
Medo de voar
AEROFOBIA.
Medo de aranhas
ARACNOFOBIA.
Medo de cubículos
CLAUSTROFOBIA.
Medo de andar livre
AGORAFOBIA.
Aversão ao estrangeiro
XENOFOBIA.
Aversão à gente
ANTROPOFOBIA.
Aversão à pássaros
ORNITOFOBIA.
Aversão aos leigos.
"IGNOROFOBIA".
Até quando vamos nos trancar
por detrás das grades escuras de nosso inconsciente?
Até quando vamos viver presos nessa liberdade imaginária?
Será mesmo que ET's dominarão a raça humana?
Tenho medo de morrer com essa angústia.
Viver meneando o abismo.
Medo de morrer em uma epidemia.
Medo de morrer em uma arritmia.
Medo de morrer enojado pelo preconceito.
Medo de que tudo acabe desse jeito.
Medo de morrer na guerra CRUZ-ESPADA.
Medo de perder o rumo, cair da escada.
Medo de me afogar em mares de tristeza.
Medo de perder a dignidade e a nobreza.
Ser dominado pelo capitalismo.
Louvar o catolicismo.
Ignorar o dadaísmo.
Viver a esmo.
E só.

Comparando...








Amores
são como pérolas,
que mesmo envoltas por um enorme escuro
sempre brilham.
São também como as estrelas.
Mesmo quando não as vemos
brilham em algum lugar.
Parecem com as andorinhas
que, quando não se adaptam
procuram refúgio novo.
Semelhanças têm com as flores
que parecendo estar murchas
um dia afloram em botão.
Amores são como tudo.
Amores são como nada.
Amores são como o mundo.
Amores são como fada
que num certo faz de conta
acaba virando bruxa
por ciúmes de um amor.


Como?

Como vou poder
não te enfurecer?
Como vou saber
se pode chover?
Como entender
déjà vu, mercié?
Como achar você?
Como te perder?
Como eu vou ter
a razão do ser?
Como embrutecer,
deixar de viver?
Como socorrer,
não deixar morrer?
Se o mundo é você,
se o mundo é você?
Como alguém pode ser tão egoísta?
Como não enxergar, não perceber a pista?
Como ter vontade de que tudo dê certo?
Como te querer ter perto?
Como abençoar?
Como querer dar
asas pra voar,
cores pra animar?
Como vou chegar?
Como vou deixar?
Será que será?
Será que será?
Música dançar.
Música cantar.
Respirar o ar.
Apaixonar, gozar.
Certa menina
me alucina.
Poderei deixar?
Vou me libertar!
Como alguém pode ser tão egoísta?
Como não enxergar, não perceber a pista?
Como ter vontade de que tudo dê certo?
Como te querer ter perto?

Pare e pense, se liga na escuta


Já parou pra pensar do que são feitos os marshmalows?
Já parou pra pensar em como surgiu a palavra?
Já parou pra pensar no que foi feito do Elvis?
Já parou pra pensar em por que o céu é azul?
Já parou pra pensar em quando as geleiras derreterão?
Já parou pra pensar se o Empire States virá abaixo?
Já parou pra pensar com quantas peças se joga xadrez?
Já parou pra pensar de onde surgiu o Alemão Voador?
Já parou pra pensar nas velhinhas mortas por fazer remédio?
Já parou pra pensar nos casos de insesto e pedofilia?
Já parou pra pensar, na AIDS, no câncer, na gripe aviária?
Já parou pra pensar na torre de Londres que está caindo?
Já parou pra pensar por que o Peter Pan nunca fica mais velho?
Já parou pra pensar em como se toca uma gaita de fólis?
Já parou pra pensar, o que, afinal de contas, é o Pateta?
Já parou pra pensar em reis e rainhas, e em enforcamento?
Já parou pra pensar nos males que o fumo causa aos pulmões?
Já parou pra pensar porque a Terra gira em torno do centro?
Já parou pra pensar porque o Big Mac não mata a fome?
Já parou pra pensar em como é montada uma escada rolante?
Já parou pra pensar porque é que o álcool faz mudos falarem?
Agora, pare e pense, se liga na escuta!
Porque não é todo dia que temos tempo de refletir sobre a vida.


segunda-feira, 9 de março de 2009

Palhaços num picadeiro


Não querendo ser chato,
nem tampouco irônico,
nossa vida está uma verdadeira palhaçada, não está?

O chefe do picadeiro,
palhaço real, da estrelinha,
finge não perceber.
"Não sei de nada.
Não estou envolvido."

Se notarmos o lado artístico da palhaçada
não nos decepcionamos menos.
Vendo mágicos fazerem surgir dinheiro em suas cuecas.
E cascatas reais brotarem em suas malinhas.

No circo em que estamos
palhaços não trazem felicidade
e risadas, como nos verdadeiros espetáculos.

Palhaços são enganados.
Passados pra trás.
Deixados de lado.
E o pior não é isso.

O pior é que existem palhaços
tão palhaços,
que insistem em renovar toda a palhaçada
por mais quatro anos.

É, meu amigo. Não faça vista!
Coloque seu nariz vermelho
e seja bem vindo
ao Circo Brasil.

Amor Descabido

Quando eu te vi passar
as trevas fizeram-se luz.
Quando pesquei seu olhar
e no seu pescoço uma cruz
Me apaixonei, perdidamente.
Se eu fosse rei, com certeza
você seria minha rainha.
Quando falei com você
palavras não cabiam mais.
Meu corpo era todo tremer
e o coração não dava paz.
Me entreguei, desisti.
Te encarei, e disse:
"Minha rainha, por favor seja minha!"
E do nosso reino se fez maravilhas.
O bobo da corte esbanjava alegria.
E nas catacumbas do escuro porão
não haviam presos, não haviam não.
Não mais chorei, não tive náuseas.
Não me irritei, medi palavras.
"Linda rainha, flor do poente,
fique comigo, eternamente."
E então nosso quarto virou um harém.
Com duas pessoas, não há mais ninguém.
Pois quando se ama, de um fazem milhares.
Promessas, desejos, relances, olhares.
Linda rainha, és, então, minha.

quinta-feira, 5 de março de 2009


No mais longínquo do céu
uma estrela lampeja em farol.
Pequena nascida da luz
irrisória, comparada ao sol.
Estrela rainha, astro rei,
forte, imponente, magno.
O sol, outro dia, já foi
como aquela estrelinha a seu lado.
Junção de poeira cósmica
é o que somos.
E a estrelinha
e o sol.
Lampejando por longos anos.
Ou por curtos.
Mas nunca deixando de brilhar.
Numa explosão, como no Big Bang
muita coisa se originou.
Então, a morte de uma estrela
não é o fim, só começou
a geração de um mundo novo,
antes estranho, agora fato.
Se assemelha à nossa vida
que é muito mais do que isso
que presenciamos no ato.

Sistema Porcaria

Sistema.
Agrupamento de pessoas
puritanas, quadradas, obsoletas,
que enxergam a perfeição
numa forma pré-definida.

Sistema.
Bando de cadáveres ambulantes,
que, como que tomados por uma dose de morfina,
vivem hipnotizados, fechados em determinado padrão.

Sistema.
Falsa sã imagem
de organização, honraria,
onde todos respeitam a tudo,
e onde um peido não pode feder.

Sistema.
Todos cultos ignorantes,
pois não sabem que cada qual
tem o seu jeito de ser.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Poema em protesto

Aff! Tô me enchendo, já!
De tanta enganação.
De tanto dizerem não.
De tanto calarem os gritos.

Aff! Tô me cansando, já!
De roubarem meu dinheiro
que juntei o ano inteiro.
Imposto é coisa de maluco.

Aff! Tô me fartando, já!
De não poder beber aos goles.
De não poder colher as flores.
De não poder pisar na grama.

Aff! Tô me enojando, já!
De olhar na cara do papa.
O céu não se atinje por ele.
No céu há lugar para todos.

Aff! Tô me empolando, já!
De tanto ver preconceito.
De tanto me ver como poser.
A moda é mesquinha e engana.

Aff! Vou terminando, já!
Não diga que isso é besteira,
senão não leria a fundo
o que eu acabei de compor.

Quer mais o quê da vida, meu amigo?

Festeiros natos,
falsos pagãos, é o que somos.
Enchemos a cara de vodca
com limão, e saímos à rua
a bravejar palavrões,
fazer toscas imitações
de dancinhas mal manjadas da tv.

Verdadeiros mestres da felicidade.
Espalhando falsos boatos
de nossos melhores amigos,
comendo as mães gostosas
de nossos conhecidos
e rindo
de nossos inimigos.

Esbanjadores de ideologia efêmera,
que, num dia emboca no Elvis
e no outro o cospe na cara.
Vai entender!

Poetas bêbados
e seresteiros, é o que somos.
Pois a amada na janela não mais está.
Nem mesmo numa mesa de bar.
Ela tá é dançando numa boite.
TRANCE, PSYCHO, SKA e HOUSE.

Mãe Natureza





Ei!

O que está fazendo aí, parado?

Vai criar raízes se continuar sentado.

Abra essa janela, sinta a luz do sol.

Quem sabe, então, aí não pousará um rouxinol?

E entoará um cântico,

uma sutil melodia.

Pra abrir sua cabeça,

fazer-lhe aproveitar o dia.

Vento soprando,

chuva caindo,

cachorros latindo,

sol despertando.

Tudo isso nos espera.

A beleza da natureza

pode ser humilde e singela.

Mas é a mais bela.

Uma flor desabroxando.

Um recém-nascido chorando.

Tudo é força divina.

Muito mais interressante

do que um carro bem possante

ou um brinquedo que ilumina.

Por isso

sinta,

deguste,

toque,

beije,

ame,

a Mãe Natureza!

A vida é pura filosofia


Quem somos?
De onde surgimos?
Até onde iremos?
O que esperamos?
Porque a chuva cái?
Porque o céu é azul?
Será mesmo que existem et's?
Ou estamos sozinhos no mundo?
Será mesmo que a raça ariana
é o mais belo rascunho divino?
Creio que não.
E, por falar em divindade,
a meu ver, não existe o ateísmo.
Quando o digo,
me refiro àquele puro.
Ninguém é isento de "Deus".
Ou de deus.
Nietsche, Sartré
se diziam ateus.
Mas duvido muito que o fossem.
Não paulatinamente.
Eram, sim, descrentes
no deus criado pelo homem.
O "Deus" da "Igreja",
da "Santa Inquisição".
Perseguidora das bruxas.
Dementadora de idéias.
Esse não era o deus deles.
O deus deles era o criador,
mentor da natureza e da vida,
feitor do homem e de seu cérebro,
de seu pensamento, de sua ideologia.
Pense então assim:
esqueça as dúvidas.
Não procure a origem delas.
Nem se perca tentando decifrá-las.
Tente vivê-las, apreciá-las, amá-las.
Afinal de contas, quem foi mesmo que inventou o amor,
senão o próprio deus?