sábado, 30 de novembro de 2013

Saber Sorrir



Ele é apenas um menino triste.
Que se esqueceu da sutileza de saber sorrir.

Ele tem boa família.
Ele tem seus bons amigos.
Mas volta e meia se esquece de saber sorrir.

De frio nunca sofreu.
A fome não o assolou.
Mas hora ou outra, sempre esquece de saber sorrir.

Os amores teve aos montes.
Serelepe e falastrão.
Não sei nem como que se esquece de saber sorrir.

Por vezes, pinta monstros em bolas de gude.
E desiste sem nem mesmo conseguir tentar.
E de repente se esquece de saber sorrir.

Ele sabe que é uma pessoa inteligente.
É ciente do primor que é seu escrever.
E assim mesmo se esquece de saber sorrir.

O que ele mais queria,
do íntimo do coração,
é que Deus mandasse embora esse turbilhão.
Ele sabe que não é um encostado ou malandrão.
Mas a angústia em seu peito, quando vem, sei não.

Ele sabe que o amam.
O entendem e coisa e tal.
Mais queria a eficácia do "livrais do mal".
Uma fórmula precisa.
Algo, mesmo que banal.
Pra que o medo e a insegurança possam lhe dar "tchau".

Pra que aquele menino triste,
Possa então virar um homem, que sim,
também fica triste.
Mas que sempre se lembre da benção.
Que é nunca se esquecer do que é saber sorrir.




domingo, 17 de novembro de 2013

GENTE





Gosto de gente que se coloca.
Gosto de gente que nunca fica cheia de dedos.
Gosto de gente que me magoa com um não.
Gosto de gente que não me ludibria com um talvez.

Gosto de gente que abraça e sorri com o diferente.

Gosto de gente que esmurra e dilascera com a cara do preconceito.
Gosto de gente que dança na chuva.
Gosto de gente que se despe das luvas.
Gosto de gente que sente a textura da terra entre os dedos.

Gosto de gente que nunca permanece no alto do muro.

Gosto de gente que se atira do Monte Everest.
Com ou sem cordas em seus tornozelos.

Gosto de gente que vive pra sangrar.

Gosto de gente que sofre por amar.
Gosto de gente que não se preocupa com a pose,
e sim, se diverte com o ridículo  da foto.

Gosto de gente que vive para ser, e não para agradar.






quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Palavreando



Venha até mim, palavra tímida.
Saia de minha mente, e explicita-te.
Brindando-me com o encanto de teus significados.

Faça poesia da luz dos olhos.
Crie odes inspiradas em amores.
Disserta-te, descreva-te, se faça lida.

Deixe-me saborear da doce consistência de teus versos.
Quero deitar-me no teu parágrafo de nuvem.
Atirar-me do precipício de teus apostos.

Rezar tuas orações.
Bailar com teus refrões.
Gozar de tua metalinguística.

Quero de ti, a alteridade entregue de me traduzir, palavra.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sarau

Quero teu bailado gracioso.
Quero poder me recordar dos dias de sarais de poesia.
De cruzar de olhos.





Quero teu corpo entregue, iluminado pela luz de uma fogueira.
E pela lua.
Quero a terra em você, e você na Terra.
Você, meu.
Sem pudores e sem medidas.

Quero o enrubescer de faces,
Ao me lembrar de suas loucuras naquela imensa caverna.
Quero suas imensas pernas, me prendendo na aspereza do suntuoso caule.

Quero os beijos de muita força e de pouco trato.
Muito tato.
Quero tocar você com meu corpo inteiro.

Quero você agora, e quero mais.
Sempre mais.
Quero você em mim, em câmera lenta.

Quero poder pra sempre suspirar de amor, e de sublime desejo.
E que a natureza conspire sempre a nosso favor.
Ajudando-me a preservar-te em mim, feito um doce cativo