sábado, 5 de setembro de 2015

DOM



E qualquer pedaço, ou rasgo
De papel amassado
Poderá me servir.

E qualquer pincel, ou lápis.
Cera ou esferográfica.
Ou mesmo touch screen.

As palavras vão surgindo.
Pela mente afluindo.
Sentimento, emoção.

Reverberam em aquarela.
Feito pintura em tela.
Poesia em borrão.

De cada sílaba derrama amor.
Cada vocábulo é feito carinho.
A oração não é ao "Salvador".
Mas, reza a lenda, que fez-se versinho.

O texto encanta, me enche de torpor.
Faz me sentir deveras excitado.
A rima toma, me rendo em ardor.
Sou, assim dito, escritor tarado.

Quero mais, a dor do estupro.
Desse verso nu, e ereto.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Meu grito de socorro



E deságua um rio de mim.
Maremoto se faz revoltoso.
A angústia precisa ter fim.
Paraíso que almejo, com gosto.
Não me faça esperar mais assim.
Mal-agouro viver pesaroso.
Colombina rejeita arlequim.
Querubim massacrou querubim.

Pesadelo sangrando em meu peito.
Rio negro de piche e carvão.
Quero o beijo do elfo perfeito.
Quero mais colorir coração.
Não sentir-me esmurrar desse jeito.
Minha face requer atenção.
Quer carícia, gracejo, respeito.
Quer delícia, doçura, confeito.

Quero ter pedra-chave da porta do escuro.
Quero mais destruir, demolir esse muro.
Quero o morder de lábios, meu porto seguro.
E poder mais gozar, sem pensar no futuro.

Me pegue pelas mãos e me aperte, num amasso.
Antes sopro de beijo, que quente mormaço.
Sem você, sou perdido, não sei o que faço.
Antes perder-me então, em teu eterno abraço.

Salva-me.
Rogo a ti. Meu grito de socorro.

Me visita



Aquele gosto de infância, que surge na boca, roçando os lábios.
Aquele marejar de olhos.
Aquela singela emoção.

Aquela lembrança engraçada.
Do tombo no parque.
Da icterícia.
De ter que tomar lombrigueiro.
Ralar o joelho no chão.

Nostálgico, me emociono.
Saudoso, me felicito.
Não mais o moleque esquisito.
Não mais a infância em botão.

Mas fica a criança travessa.
Habita em minh'alma.
Me ressucita.
Vem mais outra vez, me visita.
Relembra que sou coração.

Aquele gosto de infância, que surge na boca, roçando os lábios.
Não fujas assim de mim.
Fique, pela eternidade de mais um minuto.
E me brinde.
Com o agraciado milagre de me fazer vivo.

Cuida bem



E chegou assim, metamorfoseando.
Tirando de mim refrões de canção.
Veio meio que assim, se parafraseando.
Gozando mil maneiras, cor-ação.

E ergo novamente minha taça.
Até a borda, de teu néctar rubro.
Desafogado, rasgo tua couraça.
E tudo o que te fez sofrer expurgo.

Inalo teu perfume inebriante.
E bebo os fluidos, teu prazer atiço.
Entrego bem assim, tenaz, gratificante.
Te dou, de coração, amor noviço.

Cuida bem.
E teremos, então, o mundo.


domingo, 14 de junho de 2015

Azeite



Um gosto novo, nos lábios.
O gosto dos novos lábios

E a novidade no compasso.
Novo tom.
No ribombar do coração.

Que o fruto das Oliveiras preencha a ceia do batismo.
Batizo-te, novo amor.

E que seja pleno.
Dado o azeitonar de nossas rubras faces.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Úmido





Precipito-me, em meu amor a ti.
Precipito-me, ao entregar-me, devotamente.
Na inteireza pura de meu sentimento.

Precipito-me, ao mirar-lhe os olhos.
Precipito-me, ao tocar-lhe a face.
E ao imaginar estar defronte da razão de meu viver.

Precipito-me, ao entregar-lhe meu corpo.
Precipito-me, no esgarçar de minh’alma.
Precipito-me, nesse meu querer de ser teu.

E as únicas a me confortar são as lágrimas.
O banho incrustrado de sal, em minhas maçãs.
São elas, somente elas.
Que se precipitam em hora oportuna.



quinta-feira, 28 de maio de 2015

Mais Querer



Quero mais, tua paixão de âmbar.
Quero teu riso incontido.
Teu gargalhar de flâmula.

Quero mais, o gracejo de teu olhar multicolor.
Quero um tenaz suspiro.
Quero o morrer de amor.

Quero mais, as noites de entrega exasperada.
O arder no fervor das peles.
As roupas emaranhadas.

Quero mais, a paz singular de teu toque.
Quero teu hipinotismo.
O inebriante choque.

Choque este, de saber.
Que o que mais quero, é sempre mais te querer.
Quero mais, muito mais de você.

E quero que me queira assim também.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Balada



Porque quero cantar o amor.
Quero cantar as serestas, em brinde aos apaixonados.
Quero encantar, espiar pela fresta.
O beijo dos enamorados.

Quero o salão todo cheio.
Os pares rodopiantes no salão.
O cheiro e a brisa do desejo, pulsantes no ar.
Quero mais, o amar.
Quero o verbo e o verso, que ribomba nos entregues corações.

Quero tua canção, quero tua balada.
Que mimada, exige só a mim.
Exige, com uma sofreguidão enlevada.
Meu aceno, meu por fim.
Meus olhos marejados pelos teus.
Manso toque que diz sim.

Dois pra lá e dois pra cá.
Teu corpo caindo, depois do girar.
Eu te segurando, em meus braços.

E por fim, nosso beijo.

terça-feira, 17 de março de 2015

ENCANTADO



Vamos nos dar de presente um pacote de sonho.
Vamos nos exorcizar do que é torpe e tristonho.
Vamos saltar dos penhascos, brindar às loucuras.
Vamos sorrir pro horizonte, alegres figuras.

Vamos beber nosso vinho, toalha estendida.
Vamos pernoitar no parque, gozemos da vida.
Vamos gritar poesia, cantar as serestas.
Vamos dançar mais cirandas, em casas modestas.

Vamos beijar nossos beijos, tocar nossos corpos.
Vamos provar do gracejo, encher nossos copos.
Vamos nos livrar do frio, e troquemos calor.
Vamos prum canto escondido e façamos amor.

Ha! E que o amor se faça pra sempre!
Que o amor se faça sempre notável!
Que o amor faça de mim, um poeta adorável!
Que o amor nos afague, por fim, pondo fim ao dissabor.
Se eu puder ter pra sempre, você em minha vida
Me farei assim, mais encantador.

terça-feira, 10 de março de 2015

Momentos







E é a tua voz, que já não sai de minha mente.

E é teu cheiro de almíscar.
E é tua tez reluzente.

E é teu gracejo de príncipe, que me faz teu, tão somente!
E é teu corpo que me queima.
É teu abraçar, que é tão quente.

E são os momentos de gozo.
E são os momentos de ardor.
Que me deixam assim, meio bobo.
São nossos momentos de amor.

São nossos momentos de entrega.
E de total sintonia.
Me puxa num laço, e me pega.
Faz de minha vida alegria.

Em todos os momentos.
Só nossos.
Únicos, e de ninguém mais.

domingo, 1 de março de 2015

Perder-se



Aquele sentimento.
De todos dentro de mim.
Todas as facetas.
Todas as personas.
Todos os "Josés" em um só.

Me vem assim, aquela arritmia.
Aquela vibração.
Aquele frisson.
Aquela vontade de sair de meu corpo.

E que me venha a música.
Que me venham todas as artes.
A cor e o som.
Gingado do bumbo e do acordeon.

Quero mesmo o desprender.
E me perder.
Na inquietude da miscelânia de mim mesmo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Tiro de Letra



Aquela vontade que dá, de escrever poesia.
Aquela vontade de abraço de mundo.
Aquele tesão de mergulho profundo.
Aquele frisson de suspiro de alma.

Aquele meu eu trovador.
Que prova de tudo.
De gozo e de dor.
Se estorva confuso.
Por querer amor.
Dá do seu, mas nem sempre tem
Na boca o gosto doce da reciprocidade.

Mas com que idade?
Com que idade “poemifiquei-me”?
Que vaidade veio me abrasar?
Acho que desde sempre, poeta desde respirar.

Vem palavra, vem me abraçar.
Me amassa e arregaça o desamor.
Joga fora o que é tristeza e dissabor.

Me dá de presente tua alegria de letra.


Aquele sorriso, fiel regozijo de ser escrevente.