domingo, 17 de janeiro de 2010

Pequenos & Grandes



Algumas dúvidas me enervam.
Como a dúvida que há entre a modéstia e a pretensão.
Quero pensar que sim, mas teimo em pensar que não.
Pretendo dar as caras, mas os comedimentos me brecam.

Sócrates sim, foi esperto
por afirmar que só sabia que nada sabia.
Conseguindo abarcar o mundo
com uma auto-negação
e também auto-afirmação.
Falsa ilusão não concordar.

É preciso parar pra pensar.
Às vezes, merecemos mesmo o júbilo.
Como também há momentos nos quais
merecemos o fundo do poço.
Mas a medida precisa entre os dois
é que é difícil perceber.

Difícil se pensar.

Me resta apenas me entregar à minha pequenez
e à minha grandiosidade.
Não necessariamente nessa ordem.

E lá vamos nós...!!!



Não sabes o quanto me sinto enojado!
Parece-me que os pré-conceitos se fizeram banais.
Ninguém mais se preocupa com o respeito,
com a alteridade, ou com o outrem.
Enxergam a normalidade
como sendo conseguida por uma única fórmula.
Como se devêssemos venerar apenas o azul,
e desprezar o amarelo.

Sexualidade.

Etnia.

Religião.

Apenas expressões de diferentes formas de pensar.
E sem a diferença, não havereia o diverso.

Múltiplas culturas.
Múltiplos olhares.
Múltiplas direções.

Que cada um escolha aquilo que mais lhe agrade.
Mas sem deixar de abraçar e respeitar o diferente.

Que não veneremos mais nossa incompletude e nossa unidade.
Unidade essa propensa ao mal.
Pretensiosa e insana.

Que amemos, então, a diferença.

Leva-me.

Arrasta-me pelas mãos

e leva-me.

Faça-me devanear eternamente

por entre os recantos mais inebriantes do amor.


Agraceia-me com tua luz.

Com tua doce aspereza

E com tua cruz.

Carrega-me no teu peito,

assim como carregas teu deus.


Profana-te, entre delírios

e entrega-te a mim,

pois eu sacrifico-me a ti

tendo por testemunha o gozo.