quinta-feira, 29 de março de 2012

Será...?




Angústia.
Angústia de ter que esperar que você fale.
Angústia de ter que esperar pelo seu aceno.
Angústia de pensar, que talvez nunca me dirás
o que quero ouvir.

Aquela vontade louca de me atirar no seu pescoço
quando ouço sua voz.
E eu nem me lembro mais porque foi que nos aproximamos.
Só sei que não quero mais me afastar.

Conflito.
E que conflito interior!
O desejo me incitando a revelar o que quero.
O recato cuidando pra que eu não perca o que já tenho.

Como prosseguir?
Como não enlouquecer?

Medo.
Insegurança.
Excitação.

Deus! Tudo isso junto, em profusão.
Toda vez que te vejo sorrir.

E só eu sei qual é a única porta de salvação.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Última canção




Enquanto me perco na melodia melancólica e contemporânea de
Adele,
lágrimas rolam convulsivamente por sob meus olhos.
E é quando me lembro dos seus.

Atônitos.
Permissivos.
Desejosos de mim.

Até que ouço alguém gritando ter colocado fogo na chuva.
E então nada mais volta a ser como naquela recordação.

Você pode não se lembrar,
mas fomos felizes.
Da forma como poucos o serão.
Da forma como uma criança feliz, é feliz, simplesmente.
Sem precisar de mil motivos.
Da forma como todos querem um dia ser.

Você não se lembra porque você se foi.
E se você se foi, é sinal de que todo o carinho que lhe devotei
não lhe fez diferença.
Então nada há mais que ser relembrado.

A música já se findou, de qualquer forma...




segunda-feira, 26 de março de 2012

Recordação




Eu me lembro bem.
De como você me amava.
De como você me adorava.
De como você me beijava,
noites a fio.

Eu me lembro bem.
De como você me abraçava.
De como você suspirava.
De como você sussurrava,
a perder o brio.

Eu me lembro bem.
De todas as palavras macias.
De todas as verdades duras.
De tudo o que nos causou medo.

Eu me lembro bem.
Do modo como me sorrias.
Antes de ouvir dizer nas ruas
infâmias de nosso segredo.

Me lembro de ouvi-lo gritar impropérios.
A raiva e a angústia não eram mistério.
Eram alavancadas pelo preconceito.

Me lembro, mirando seus olhos sérios.
Parece que a flor se fez deletério.
Justo por amarmos do nosso jeito.

Me lembro do modo como chorei,
ao perceber que achavas tu
ser eu quem lhe causou tal dor.

Me lembro do modo como implorei,
para que não deixastes tu
pisarem sobre nosso amor.

Mas me lembro também que de nada adiantou.
E que você se foi.
E que pareceu ter se esquecido de todas as nossas lembranças.

Me lembro hoje do que um dia fomos.
E me lembro da amargura que é perceber
que nunca o seremos mais.

Seria mais fácil se eu pudesse não me lembrar.



sábado, 24 de março de 2012

Ê, Nenê!




Aquele que me chama de “Nenê”.

Aquele Pequeno.

Aquele grande homem.

Aquele que me acordava botando pratinhas em minha mão.

Aquele que jurava que só havia me acordado pra avisar que haviam tentado me despertar a poucos instantes e ele não deixara.

Aquele que me mandava ir à esquina, pra ver se ele estava lá,

tomando um sorvete ou comendo um lanche no Geléia.

Aquele que nos dá um minuto pra terminar uma briga, e mais outro pra começar uma outra de arrancar cavaco.

Aquele de quem roubaram o carneiro e cortaram os quatro pés.

Aquele que não se importava quando eu acabava com seus Yakults.

Aquele pra quem eu pedia o teclado do computador emprestado, pra brincar de escritório, prometendo não estragar.

Aquele que não ralhou comigo quando eu devolvi o teclado, faltando três teclas, e com o fio desencapado.

Aquele que deixava eu pegar suas ferramentas de agrimensura, pra brincar de escavação (e detonar com sua parede).

Aquele que parece nunca se irritar, salvo casos em que soltamos “puts” em sua presença.

Aquele que às vezes pergunta por que é que brigamos tanto, se nunca combinamos antes.

Aquele que me apadrinhou.

Aquele que muito me ensinou.

Aquele que me enchia o saco, me falando o dia todo que eu era o genro do Chico Pé-de-foice.

Aquele que, como poucos, não torceu o nariz, quando viu que na verdade eu não gostava de meninas.

Aquele que eu nunca ouvi gritar.

Aquele que odeia o desentendimento.

Aquele que, mesmo sem querer, teve treze filhos:

Dariane, Ariane, Glaucione, Maria Amélia, Melissa, Ana Paula, Amanda Évelin, Michel, Franklin, Guilherme, José Henrique, Rafael e Luiz Gustavo.

Aquele que faz uma diferença danada na vida de tanta gente.

Aquele que nos chama de “Nenê”.

Aquele Pequeno.

Aquele grande homem.

Força Dominguinho!

Não quero saber de nada.

Quero meu carneiro em pé outra vez!

Te amo!