segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Meu grito de socorro



E deságua um rio de mim.
Maremoto se faz revoltoso.
A angústia precisa ter fim.
Paraíso que almejo, com gosto.
Não me faça esperar mais assim.
Mal-agouro viver pesaroso.
Colombina rejeita arlequim.
Querubim massacrou querubim.

Pesadelo sangrando em meu peito.
Rio negro de piche e carvão.
Quero o beijo do elfo perfeito.
Quero mais colorir coração.
Não sentir-me esmurrar desse jeito.
Minha face requer atenção.
Quer carícia, gracejo, respeito.
Quer delícia, doçura, confeito.

Quero ter pedra-chave da porta do escuro.
Quero mais destruir, demolir esse muro.
Quero o morder de lábios, meu porto seguro.
E poder mais gozar, sem pensar no futuro.

Me pegue pelas mãos e me aperte, num amasso.
Antes sopro de beijo, que quente mormaço.
Sem você, sou perdido, não sei o que faço.
Antes perder-me então, em teu eterno abraço.

Salva-me.
Rogo a ti. Meu grito de socorro.

Me visita



Aquele gosto de infância, que surge na boca, roçando os lábios.
Aquele marejar de olhos.
Aquela singela emoção.

Aquela lembrança engraçada.
Do tombo no parque.
Da icterícia.
De ter que tomar lombrigueiro.
Ralar o joelho no chão.

Nostálgico, me emociono.
Saudoso, me felicito.
Não mais o moleque esquisito.
Não mais a infância em botão.

Mas fica a criança travessa.
Habita em minh'alma.
Me ressucita.
Vem mais outra vez, me visita.
Relembra que sou coração.

Aquele gosto de infância, que surge na boca, roçando os lábios.
Não fujas assim de mim.
Fique, pela eternidade de mais um minuto.
E me brinde.
Com o agraciado milagre de me fazer vivo.

Cuida bem



E chegou assim, metamorfoseando.
Tirando de mim refrões de canção.
Veio meio que assim, se parafraseando.
Gozando mil maneiras, cor-ação.

E ergo novamente minha taça.
Até a borda, de teu néctar rubro.
Desafogado, rasgo tua couraça.
E tudo o que te fez sofrer expurgo.

Inalo teu perfume inebriante.
E bebo os fluidos, teu prazer atiço.
Entrego bem assim, tenaz, gratificante.
Te dou, de coração, amor noviço.

Cuida bem.
E teremos, então, o mundo.