quarta-feira, 25 de março de 2009

Ato inconsequente

Na protuberância do amor busco refúgio.
No mais íntimo do ser busco a essência.
Do que outrora fiz sinto repúdio.
Asco da minha pobre existência.

Procuro demonstrar, num prelúdio,
que no que sinto não há coerência.
E é justamente do que fujo.
Coisas das quais não há previdência.

Quando a fé parece esvaída,
pensamentos ruins me assolam.
Tentando contra a própria vida,
minh'alma pouco a pouco vai embora.

E o que me resta é apenas vergonha,
remorso e sensação de tolice.
Depois de inconsequência tamanha,
a covardia ainda me aflige.

No imenso labirinto da mente,
fagulha de razão ainda brilha.
Vejo que a razão deprimente
me fez mais solitário na ilha.

Percebo, então, que tive fraquezas
e busco a fé, antes esquecida.
E noto que a maior das proezas
é a força reluzente da vida.

Tristes lembranças

Tristes lembranças
que quero que fiquem pra trás.
Tristes lembranças
por favor não voltem mais.
Idéias pecaminosas.
Instintos errôneos.
Idéias de caos.
Afastem os maus desejos.
Afastem-me desse mal.
Por onde anda a fé, que outrora gritava tanto?
Por onde anda esse deus, ao qual procurava tanto?
Pra onde foi a alegria, os constantes e intensos momentos de gozo?
Pra onde foi a paixão? Quem foi o imbecil que apagou o fogo?
Esse imbecil fui eu,
que envolto por incertezas,
preferi perambular no escuro.
Destituído da antiga nobreza,
me fechei entre quatro muros.
Até que, no vício do ócio solitário
me perdi, me desmanchei.
Agora só cabe a mim
me reencontrar, me remontar.
Peço a deus que me dê forças.

Vazio


Sem inspiração.
Incapaz de pensar,
incapaz de agir.
Sem manutenção.
Incapaz de gozar,
incapaz de rir.
Sem competição.
Incapaz de brigar,
incapaz de correr.
Sem motivação.
Incapaz de sonhar,
incapaz de viver.
Me encontro num vazio
à beira do caos.
Meneando um mar bravio.
Existência banal.
Não mais rezo, não sorrio.
Não anseio viver.
Não alcanço mais o fio
da existência do ser.

Rimas e Desavenças

Não me prometa
ouro nem luxo.
Não me prometa
glória e honraria.
Não me prometa
a vida em resenha.
Não me prometa
descobrir a senha.

Não me apeteça
com balas e doces.
Não me ofereça
Ferrero Rocher.
Não me provoque
dizendo besteiras
ou se contradiga
bradando asneiras.

Faça uma prece.
Leia um poema.
Elabore um soneto.
Durma no gueto.

Vá pra Itália.
Vá pro inferno.
Apenas me deixe
e não mais se queixe.

Sinais



Criaturas apavorantes voavam ao redor de mim

numa profusão animalesca de susto e taquicardia.

Como se nunca mais houvesse o raiar do dia.

Como se nunca mais houvessem flores no jardim.


Levantei-me apavorado, não percebendo onde estava.

Parceia que, do nada, via-me num labirinto.

"É praticamente impossível descrever o que sinto.

É realmente impossível definir aonde vou."


Andei cerca de mil metros e só então percebi

que no céu obscuro lampejava uma estrela.

Miúda, raquítica, quase impossível vêla.

Mas então, abriu-se o chão e eu caí.


Na queda, ininterruptamente olhei àcima.

E o astro de brilho próprio parecia querer me alcançar.

Como num passe de mágica, pus-me então, a voar.

De um modo veloz e fortuito, não cabe aqui nem mais rima.


Acordei na mesma hora, percebi que sonhava.

Num ritmo descomunal batia meu coração.

Agora sim, sentia-me quase são.

Agora sim, sabia bem onde estava.


Encaixei logo os fatos, de onde vem, pra onde vão.

Um medo intenso da morte sentia em minha espinha.

E como num acesso de fúria, quando um rei mata uma rainha,

peguei da morte emprestada a foice e me livrei da depressão.

Outro triste fim

Que pena que acabou assim.
Tínhamos tanta história, tanto ardor,
amor e glória.
Não me olhe assim.
Ambos fomos culpados.
Nos deixamos levar
pelo ódio transpassado
pela fúria enlouquecida
de horror e traição.
Ao invés de nos pedirmos desculpas,
nos fizemos insultos,
nos dissemos injúrias.
mentiras do ciúme
obcessivo e compulsivo.
Anonimamente ativo.
Relíquia da morte, da destruição, do caos.
Fica aqui então minha expressão de tristeza.
Amor de tão grande natureza
pôde um dia se entregar ao ócio.

Amor Impossível

Reza uma lenda antiga
que, num dia perfeito de mar
o próprio se apaixonou.
Não por uma lagoa.
Nem mesmo por uma sereia.
Mas por uma mulher.

As pérolas mais brilhantes
e as ondas mais espumantes
o mar lhe oferecia.

Conchas pra bijuterias,
flores do mar, algas marinhas.
Oferendas do amor.

Entre elemento e forma.
Entre lugar e alma.
Impossibilidade de compatibilidade,
mas, simplesmente, amor.

Se um mar se apaixonasse por um riacho
menos mal seria
pois todo rio deságua nele.

Mas mesmo quando Fênix
(vamos assim chamá-la)
entra nas águas salgadas
do enamorado "seanhor"
não se mistura a ele.

É o que o deixa inconsolável.

Fica então a esperança
de que Fênix, ao renascer
volte pelas mãos do deus Eolos
e sopre no mar bravio
ventanias.

Maremotificando-se no mais puro ardor.


**poema embasado na musica "Ana e o Mar" de O teatro Mágico

sexta-feira, 20 de março de 2009

Possessão Furiosa

"Abassaiado".
Que diabos será isso?
Segundo tribos antigas,
lá pras bandas do São Francisco
havia um espírito da selva
que possuía as pessoas,
transeuntes, passantes,
e os deixava enfurecidos.
"Abassaiados".

O que te abassaia?

Fome
Guerra
Dor
Injustiça
Incompreensão
me abassaiam.

Intolerância
Ignorância
Impaciência
Inconsequência
me enfurecem ao extremo.

Abassaiado eu fico
por ver inocentes morrerem
no holocausto.

Abassaiadamente triste
por ver criancinhas
pedintes nas marquises.

Abassaiado estou
por presenciar inconformado
bilhões sendo jogados pelos ralos
dos banheiros de deputados e políticos.

Avidamente inconsolável
por perceber que só agora
abriram os olhos ao aquecimento.

Abassaiado
e fim.


**poema embasado na canção Abassaiado, de O Teatro Mágico

Freedom


A tão sonhada liberdade
está ao alcance das mãos.
Depende de nós
conseguirmos palpá-la.
Grandeza aparentemente incomensurável
não está longe.
Basta abrirmos os olhos para enxergá-la.
Assim que não dermos tanta bola
para as bobagens da televisão.
Assim que aprendermos
a ler nas entrelinhas.
Assim quejogarmos fora
de vez o preconceito.
Assim que conseguirmos atenuar
o motor do capitalismo.
Assim que aderirmos por completo
à tão falado consciência ecológica.
Assim que nos dermos um instante
para ver desabrochar uma flor.
Assim que atacarmos a guerra
a morte, a fome, todo esse horror.
Assim que tirarmos de corações de pedra
a essência do amor.
Aí sim.
poderemos abrir as asas
e só então
aprender a voar.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A fatia desmedida

Quanto mais corremos
mais cansados ficamos.
Quanto mais vivemos
mais mortos estamos.

Quanto mais choramos
menos tristes ficamos.
Quanto mais comemos
mais famintos ficamos.

Quanto mais ganhamos
mais perdendo estamos.
Quanto mais nos achamos
mais perdidos nós somos.

A fatia desmedida
reação em cadeia
cresce como se uma aranha
tecesse uma teia.

Sabe tudo, vê-se em tudo
mas não sabe de nada.
Enxerga tudo, palpa tudo
mas não crê em mais nada.

Garimpando convivências
vivendo na Terra.
Disputando conhecimentos
como numa guerra.

Só podemos ser felizes
vivendo assim.
Positiva decadência.
Nunca terá fim.

Pavores

Medo exacerbado.
Impotência.
Repugnância intensa.
Pavores.
Toda forma de aversão.
Resistência temerosa.
A distância é a essência
dos pavores.
Medo de voar
AEROFOBIA.
Medo de aranhas
ARACNOFOBIA.
Medo de cubículos
CLAUSTROFOBIA.
Medo de andar livre
AGORAFOBIA.
Aversão ao estrangeiro
XENOFOBIA.
Aversão à gente
ANTROPOFOBIA.
Aversão à pássaros
ORNITOFOBIA.
Aversão aos leigos.
"IGNOROFOBIA".
Até quando vamos nos trancar
por detrás das grades escuras de nosso inconsciente?
Até quando vamos viver presos nessa liberdade imaginária?
Será mesmo que ET's dominarão a raça humana?
Tenho medo de morrer com essa angústia.
Viver meneando o abismo.
Medo de morrer em uma epidemia.
Medo de morrer em uma arritmia.
Medo de morrer enojado pelo preconceito.
Medo de que tudo acabe desse jeito.
Medo de morrer na guerra CRUZ-ESPADA.
Medo de perder o rumo, cair da escada.
Medo de me afogar em mares de tristeza.
Medo de perder a dignidade e a nobreza.
Ser dominado pelo capitalismo.
Louvar o catolicismo.
Ignorar o dadaísmo.
Viver a esmo.
E só.

Comparando...








Amores
são como pérolas,
que mesmo envoltas por um enorme escuro
sempre brilham.
São também como as estrelas.
Mesmo quando não as vemos
brilham em algum lugar.
Parecem com as andorinhas
que, quando não se adaptam
procuram refúgio novo.
Semelhanças têm com as flores
que parecendo estar murchas
um dia afloram em botão.
Amores são como tudo.
Amores são como nada.
Amores são como o mundo.
Amores são como fada
que num certo faz de conta
acaba virando bruxa
por ciúmes de um amor.


Como?

Como vou poder
não te enfurecer?
Como vou saber
se pode chover?
Como entender
déjà vu, mercié?
Como achar você?
Como te perder?
Como eu vou ter
a razão do ser?
Como embrutecer,
deixar de viver?
Como socorrer,
não deixar morrer?
Se o mundo é você,
se o mundo é você?
Como alguém pode ser tão egoísta?
Como não enxergar, não perceber a pista?
Como ter vontade de que tudo dê certo?
Como te querer ter perto?
Como abençoar?
Como querer dar
asas pra voar,
cores pra animar?
Como vou chegar?
Como vou deixar?
Será que será?
Será que será?
Música dançar.
Música cantar.
Respirar o ar.
Apaixonar, gozar.
Certa menina
me alucina.
Poderei deixar?
Vou me libertar!
Como alguém pode ser tão egoísta?
Como não enxergar, não perceber a pista?
Como ter vontade de que tudo dê certo?
Como te querer ter perto?

Pare e pense, se liga na escuta


Já parou pra pensar do que são feitos os marshmalows?
Já parou pra pensar em como surgiu a palavra?
Já parou pra pensar no que foi feito do Elvis?
Já parou pra pensar em por que o céu é azul?
Já parou pra pensar em quando as geleiras derreterão?
Já parou pra pensar se o Empire States virá abaixo?
Já parou pra pensar com quantas peças se joga xadrez?
Já parou pra pensar de onde surgiu o Alemão Voador?
Já parou pra pensar nas velhinhas mortas por fazer remédio?
Já parou pra pensar nos casos de insesto e pedofilia?
Já parou pra pensar, na AIDS, no câncer, na gripe aviária?
Já parou pra pensar na torre de Londres que está caindo?
Já parou pra pensar por que o Peter Pan nunca fica mais velho?
Já parou pra pensar em como se toca uma gaita de fólis?
Já parou pra pensar, o que, afinal de contas, é o Pateta?
Já parou pra pensar em reis e rainhas, e em enforcamento?
Já parou pra pensar nos males que o fumo causa aos pulmões?
Já parou pra pensar porque a Terra gira em torno do centro?
Já parou pra pensar porque o Big Mac não mata a fome?
Já parou pra pensar em como é montada uma escada rolante?
Já parou pra pensar porque é que o álcool faz mudos falarem?
Agora, pare e pense, se liga na escuta!
Porque não é todo dia que temos tempo de refletir sobre a vida.


segunda-feira, 9 de março de 2009

Palhaços num picadeiro


Não querendo ser chato,
nem tampouco irônico,
nossa vida está uma verdadeira palhaçada, não está?

O chefe do picadeiro,
palhaço real, da estrelinha,
finge não perceber.
"Não sei de nada.
Não estou envolvido."

Se notarmos o lado artístico da palhaçada
não nos decepcionamos menos.
Vendo mágicos fazerem surgir dinheiro em suas cuecas.
E cascatas reais brotarem em suas malinhas.

No circo em que estamos
palhaços não trazem felicidade
e risadas, como nos verdadeiros espetáculos.

Palhaços são enganados.
Passados pra trás.
Deixados de lado.
E o pior não é isso.

O pior é que existem palhaços
tão palhaços,
que insistem em renovar toda a palhaçada
por mais quatro anos.

É, meu amigo. Não faça vista!
Coloque seu nariz vermelho
e seja bem vindo
ao Circo Brasil.

Amor Descabido

Quando eu te vi passar
as trevas fizeram-se luz.
Quando pesquei seu olhar
e no seu pescoço uma cruz
Me apaixonei, perdidamente.
Se eu fosse rei, com certeza
você seria minha rainha.
Quando falei com você
palavras não cabiam mais.
Meu corpo era todo tremer
e o coração não dava paz.
Me entreguei, desisti.
Te encarei, e disse:
"Minha rainha, por favor seja minha!"
E do nosso reino se fez maravilhas.
O bobo da corte esbanjava alegria.
E nas catacumbas do escuro porão
não haviam presos, não haviam não.
Não mais chorei, não tive náuseas.
Não me irritei, medi palavras.
"Linda rainha, flor do poente,
fique comigo, eternamente."
E então nosso quarto virou um harém.
Com duas pessoas, não há mais ninguém.
Pois quando se ama, de um fazem milhares.
Promessas, desejos, relances, olhares.
Linda rainha, és, então, minha.

quinta-feira, 5 de março de 2009


No mais longínquo do céu
uma estrela lampeja em farol.
Pequena nascida da luz
irrisória, comparada ao sol.
Estrela rainha, astro rei,
forte, imponente, magno.
O sol, outro dia, já foi
como aquela estrelinha a seu lado.
Junção de poeira cósmica
é o que somos.
E a estrelinha
e o sol.
Lampejando por longos anos.
Ou por curtos.
Mas nunca deixando de brilhar.
Numa explosão, como no Big Bang
muita coisa se originou.
Então, a morte de uma estrela
não é o fim, só começou
a geração de um mundo novo,
antes estranho, agora fato.
Se assemelha à nossa vida
que é muito mais do que isso
que presenciamos no ato.

Sistema Porcaria

Sistema.
Agrupamento de pessoas
puritanas, quadradas, obsoletas,
que enxergam a perfeição
numa forma pré-definida.

Sistema.
Bando de cadáveres ambulantes,
que, como que tomados por uma dose de morfina,
vivem hipnotizados, fechados em determinado padrão.

Sistema.
Falsa sã imagem
de organização, honraria,
onde todos respeitam a tudo,
e onde um peido não pode feder.

Sistema.
Todos cultos ignorantes,
pois não sabem que cada qual
tem o seu jeito de ser.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Poema em protesto

Aff! Tô me enchendo, já!
De tanta enganação.
De tanto dizerem não.
De tanto calarem os gritos.

Aff! Tô me cansando, já!
De roubarem meu dinheiro
que juntei o ano inteiro.
Imposto é coisa de maluco.

Aff! Tô me fartando, já!
De não poder beber aos goles.
De não poder colher as flores.
De não poder pisar na grama.

Aff! Tô me enojando, já!
De olhar na cara do papa.
O céu não se atinje por ele.
No céu há lugar para todos.

Aff! Tô me empolando, já!
De tanto ver preconceito.
De tanto me ver como poser.
A moda é mesquinha e engana.

Aff! Vou terminando, já!
Não diga que isso é besteira,
senão não leria a fundo
o que eu acabei de compor.

Quer mais o quê da vida, meu amigo?

Festeiros natos,
falsos pagãos, é o que somos.
Enchemos a cara de vodca
com limão, e saímos à rua
a bravejar palavrões,
fazer toscas imitações
de dancinhas mal manjadas da tv.

Verdadeiros mestres da felicidade.
Espalhando falsos boatos
de nossos melhores amigos,
comendo as mães gostosas
de nossos conhecidos
e rindo
de nossos inimigos.

Esbanjadores de ideologia efêmera,
que, num dia emboca no Elvis
e no outro o cospe na cara.
Vai entender!

Poetas bêbados
e seresteiros, é o que somos.
Pois a amada na janela não mais está.
Nem mesmo numa mesa de bar.
Ela tá é dançando numa boite.
TRANCE, PSYCHO, SKA e HOUSE.

Mãe Natureza





Ei!

O que está fazendo aí, parado?

Vai criar raízes se continuar sentado.

Abra essa janela, sinta a luz do sol.

Quem sabe, então, aí não pousará um rouxinol?

E entoará um cântico,

uma sutil melodia.

Pra abrir sua cabeça,

fazer-lhe aproveitar o dia.

Vento soprando,

chuva caindo,

cachorros latindo,

sol despertando.

Tudo isso nos espera.

A beleza da natureza

pode ser humilde e singela.

Mas é a mais bela.

Uma flor desabroxando.

Um recém-nascido chorando.

Tudo é força divina.

Muito mais interressante

do que um carro bem possante

ou um brinquedo que ilumina.

Por isso

sinta,

deguste,

toque,

beije,

ame,

a Mãe Natureza!

A vida é pura filosofia


Quem somos?
De onde surgimos?
Até onde iremos?
O que esperamos?
Porque a chuva cái?
Porque o céu é azul?
Será mesmo que existem et's?
Ou estamos sozinhos no mundo?
Será mesmo que a raça ariana
é o mais belo rascunho divino?
Creio que não.
E, por falar em divindade,
a meu ver, não existe o ateísmo.
Quando o digo,
me refiro àquele puro.
Ninguém é isento de "Deus".
Ou de deus.
Nietsche, Sartré
se diziam ateus.
Mas duvido muito que o fossem.
Não paulatinamente.
Eram, sim, descrentes
no deus criado pelo homem.
O "Deus" da "Igreja",
da "Santa Inquisição".
Perseguidora das bruxas.
Dementadora de idéias.
Esse não era o deus deles.
O deus deles era o criador,
mentor da natureza e da vida,
feitor do homem e de seu cérebro,
de seu pensamento, de sua ideologia.
Pense então assim:
esqueça as dúvidas.
Não procure a origem delas.
Nem se perca tentando decifrá-las.
Tente vivê-las, apreciá-las, amá-las.
Afinal de contas, quem foi mesmo que inventou o amor,
senão o próprio deus?

segunda-feira, 2 de março de 2009

Palavras do professor Xavier

Psicose.
Perturbância mental.
Imagens tenebrosas.
Mundo irreal.

Borboletas no aquário.
Pudim de algas marinhas.
Relógio sem horário.
Suicídio da rainha.

Dizem os psicólogos
que nossa mente se compara
a uma sala quadrada
com a porta entreaberta.

O que vemos nitidamente
dentro do tal cubículo,
é o que nos lembramos, de fato.
Momentos, relances, não mito.

O resto, o indescritível,
o que não podemos palpar,
é o fundo obscuro da mente.
É o que não queremos lembrar.

Psicóticos, esquizofrênicos,
malucos, doidos de pedra,
têm a porta escancarada.
Lembram de toda essa merda.

E então vivem num mundo
contrastante: real/irreal.
Emaranhado de pensamentos.
Vida conturbada/banal.

Psicose.
Perturbância mental.
Imagens tenebrosas.
Mundo irreal.

No final somos todos malucos.

Famigerados Famintos





Fome.

Impulso carnívoro de me fartar.

Comer até não mais aguentar.

É o que sinto agora.

Fome.

Vontade absurda de se falar.

Conversar, dialogar, to talk, hablar.

É o que sinto agora.

Fome.

Desejo descontido de diversão.

Carnaval, Micareta, Festa do Peão.

É o que sinto agora.

Fome.

Luxúria, libido, sexo, tesão.

Chupar, lamber, enfiar a mão.

É o que sinto agora.

Fome.

De cura para todo o mal.

AS infanti, Anador, Sonrisal.

É o que sinto agora.

Fome.

Justiça e glória andam lado a lado.

Intento apetecível de alcançar tal fado.

É o que sinto agora.

Fome.