domingo, 29 de dezembro de 2013

REINCIDENTE



E é quando meu coração sangra, despedaçado
pela maldita condição do não mais te ter.
Excluo todas as suas fotos e mensagens de texto.
Como se possível fosse apagar nossos momentos da memória.

Mordaz e inglória.

Ouço uma certa canção, que fala sobre o céu.
E só consigo rascunhar, em pensamento,
seus pelos facilmente eriçáveis.
Seus olhos docemente maleáveis.
Seus lábios ferozmente desfrutáveis.
Sua luz.

Eu quero você de volta, meu pequeno.
E quero que o mundo em torno de nós paralise.
Ou que se exploda, que seja.
Prendendo-nos, sozinhos, e safados,
num amoroso e fervoroso hiato.


sábado, 30 de novembro de 2013

Saber Sorrir



Ele é apenas um menino triste.
Que se esqueceu da sutileza de saber sorrir.

Ele tem boa família.
Ele tem seus bons amigos.
Mas volta e meia se esquece de saber sorrir.

De frio nunca sofreu.
A fome não o assolou.
Mas hora ou outra, sempre esquece de saber sorrir.

Os amores teve aos montes.
Serelepe e falastrão.
Não sei nem como que se esquece de saber sorrir.

Por vezes, pinta monstros em bolas de gude.
E desiste sem nem mesmo conseguir tentar.
E de repente se esquece de saber sorrir.

Ele sabe que é uma pessoa inteligente.
É ciente do primor que é seu escrever.
E assim mesmo se esquece de saber sorrir.

O que ele mais queria,
do íntimo do coração,
é que Deus mandasse embora esse turbilhão.
Ele sabe que não é um encostado ou malandrão.
Mas a angústia em seu peito, quando vem, sei não.

Ele sabe que o amam.
O entendem e coisa e tal.
Mais queria a eficácia do "livrais do mal".
Uma fórmula precisa.
Algo, mesmo que banal.
Pra que o medo e a insegurança possam lhe dar "tchau".

Pra que aquele menino triste,
Possa então virar um homem, que sim,
também fica triste.
Mas que sempre se lembre da benção.
Que é nunca se esquecer do que é saber sorrir.




domingo, 17 de novembro de 2013

GENTE





Gosto de gente que se coloca.
Gosto de gente que nunca fica cheia de dedos.
Gosto de gente que me magoa com um não.
Gosto de gente que não me ludibria com um talvez.

Gosto de gente que abraça e sorri com o diferente.

Gosto de gente que esmurra e dilascera com a cara do preconceito.
Gosto de gente que dança na chuva.
Gosto de gente que se despe das luvas.
Gosto de gente que sente a textura da terra entre os dedos.

Gosto de gente que nunca permanece no alto do muro.

Gosto de gente que se atira do Monte Everest.
Com ou sem cordas em seus tornozelos.

Gosto de gente que vive pra sangrar.

Gosto de gente que sofre por amar.
Gosto de gente que não se preocupa com a pose,
e sim, se diverte com o ridículo  da foto.

Gosto de gente que vive para ser, e não para agradar.






quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Palavreando



Venha até mim, palavra tímida.
Saia de minha mente, e explicita-te.
Brindando-me com o encanto de teus significados.

Faça poesia da luz dos olhos.
Crie odes inspiradas em amores.
Disserta-te, descreva-te, se faça lida.

Deixe-me saborear da doce consistência de teus versos.
Quero deitar-me no teu parágrafo de nuvem.
Atirar-me do precipício de teus apostos.

Rezar tuas orações.
Bailar com teus refrões.
Gozar de tua metalinguística.

Quero de ti, a alteridade entregue de me traduzir, palavra.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sarau

Quero teu bailado gracioso.
Quero poder me recordar dos dias de sarais de poesia.
De cruzar de olhos.





Quero teu corpo entregue, iluminado pela luz de uma fogueira.
E pela lua.
Quero a terra em você, e você na Terra.
Você, meu.
Sem pudores e sem medidas.

Quero o enrubescer de faces,
Ao me lembrar de suas loucuras naquela imensa caverna.
Quero suas imensas pernas, me prendendo na aspereza do suntuoso caule.

Quero os beijos de muita força e de pouco trato.
Muito tato.
Quero tocar você com meu corpo inteiro.

Quero você agora, e quero mais.
Sempre mais.
Quero você em mim, em câmera lenta.

Quero poder pra sempre suspirar de amor, e de sublime desejo.
E que a natureza conspire sempre a nosso favor.
Ajudando-me a preservar-te em mim, feito um doce cativo

sábado, 12 de outubro de 2013

Olhar



E no negrume dos olhos teus, percebo a mesma luz dos tempos de outrora.
Tempos de cócega de criança.
Tempos de luzes de roda gigante.
Tempos de lona de circo, e perna-de-pau.

Teus olhos negros.
Me transportando a paraísos inóspitos.
Me transplantando mais 1 000 corações.
Me besuntando com óleo e carícia.

Como se eu voltasse a ser menino.
E então crescesse, apaixonado.
Perdido em seu mirar voluptuoso.

Que eu possa sempre hipnotizar-me.
E poder prender-me.
Na doce eloquência dos olhos teus.

sábado, 21 de setembro de 2013

Explosão!



Sou visceral.
Sou multilateral.
Sou o todo, e uma coisa só.

Sou aquele que viu Pedro por três vezes, e o negou.
Salve, Raul!
Sou aquele que abordou o carinha na praça pública, e o beijou.
Sou aquele que nunca conheceu o comedir.

Sou aquela explosão.
Aquela convulsão.
Aquele imenso fato.

Flato.

Ora fétido, ora sem nem fragrar.
Ora solo, ora por se agrupar.
Sou aquele que não mede esforços para pleno ser.

Sem o medo do pesar da inconsequência.




sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Saudade que em mim Habita*



Não consigo ter uma noite tranquila.
Levanto antes do relógio despertar.
Me arrumo e saio.
Minha vontade é de chegar em 2 minutos, mas demoro mais.
Por sorte consigo chegar antes de ti e vejo você com toda a beleza na fila aguardando sua vez.
Te namoro de longe, até que você me avista e lança um discreto Oi.
Meu coração dispara todo saltitante.
Você se aproxima, nos abraçamos e sentamos um ao lado do outro e por alguns minutos nossos olhos se enchem de lágrimas. 
Não há declaração de amor tão nítida.
Me encho de puro contentamento.
Meu peito bate forte com o mix de emoções. 
A partida e a certeza do amor. Que duelo dentro de mim!
Vejo você entrando naquele pássaro de ferro enorme e ele decola.
As lágrimas vem aos olhos e caem.
Uma grande parte do meu coração voou e esta dentro do seu peito.
Longa será nossa jornada.
Um romance que sai do palpável e vai para o virtual.
A diferença é que existe muito sentimento.
Ansioso para te ver na minha telinha e ouvir sua voz.
Fechar os olhos e sentir seu cheiro, o toque na sua pele macia!
Contando as horas para te rever.
Sou seu, todo seu, inteiro seu.
A saudade já habita meu coração.
Beijoos!
Te amo!



*Texto genial de Guilherme Coutinho

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Meu Prazer



O despropósito de amar-te.
A sofreguidão lancinante, nos momentos do não te ter.
O alívio que é abraçar-te.
Sabendo que nunca outro amor teve tal poder.

O querer insano e animalesco dos rudes tatos.
Sem remorsos de deixá-lo esgotado pelo meu prazer.

Pelo prazer meu.

Possuindo teu corpo, feito o degustar de um prato.
Intuindo fazer-te pra sempre só a mim querer.

E que queira-me, devore-me e ame-me pra todo o sempre.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Toma



E no tímido enrugar de faces do seu sorriso
mergulho com a mesma coragem
de quem se atira de mil Everest's.

E o ruborizar de suas maçãs
me lembra a cor de meu sentimento.

Vermelho e pulsante.

Feito o sangue que irradia meu coração.
Me permitindo viver pra amar-te.

Luto



Hoje acordei com vontade de abraçar.
Vontade de transmitir o máximo de aconchego
a quem a vida golpeou.
Com um tiro certeiro e fatal, de dor pungente.

Eles não vão mais voltar.
Eles não serão advogados, nem bailarinos.
Eles não terão filhos, nem se tornarão presidentes.
Eles não terão outra chance.

Hoje acordei com vontade
de ter o dom de Cronos, de controlar o tempo.
Vontade de que o titubear, num milésimo de segundo,
nunca pudesse desencadear uma tragédia.
Decisões de pouca sorte.

Vontade de não ter que me sentir tão triste.
Tão tocado por algo que nem mesmo diz respeito a mim.
Ou será que diz?

Hoje acordei com uma imensa vontade de dar abraços.
Na verdade, gostaria ainda mais que esses abraços nunca precisassem ser dados.

sábado, 31 de agosto de 2013

Menina Bela



O cheiro dos lençóis de sua casa.
O barulho oco dos passos no piso de tacos.
O tropeçar enervante nos tacos soltos, daqui e dali.

O barulho irritante do lanchinho da esquina.
As vezes em que mandava ir às compras.
Gouveia, Padaria ou Sacolão.
Se eu soubesse que irias embora, não teria reclamado tanto.

O sorvete de ameixa, ou de limão.
As cantigas italianas.
A história do campante.
Me lembro até hoje de sua voz arrastada, dizendo:
"TE PEGO, TE PICO E TE JOGO NO RIO!"

O sabor de seu quibe cru.
O jilozinho frito.
O bolinho de arroz.
A polenta, o pudim de pão.
Hum!
Receitas que acendem minha saudade.

A voz engraçada, de quando tirava o aparelho auditivo.
"Aaa Luuz!"

Vovó.
Ora por mim, em qualquer tom.
Esteja onde estiver.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Ordem no Tribunal! Caso a ser julgado: A Seduzência de Lucélio Azevedo.



Por sua culpa tenho esboçado mais sorrisos do que deveria
ao assistir a comerciais de margarina.
Por sua culpa, volta e meia, minha mãe tem me pegado, cada vez mais, a conversar e a cantar sozinho.
Por sua culpa, tenho ouvido Boyce Avenue com muita frequência.
Por sua culpa, tem me sobrado muito mais paciência.

Por sua culpa meu cérebro tem ficado mais burro, e muito mais safado.
Por sua culpa me esqueci que quem fica mais safado e burro sou eu, e não meu cérebro.
Por sua culpa fui obrigado a me lavar de madrugada, depois de desfrutar, sozinho, de um delicioso orgasmo solitário.
Por sua culpa, tenho levado broncas de meu patrão, por nunca chegar no horário.

Por sua culpa, reaprendi a gozar a vida.
A gozar da vida.
E a como gozar, de diferentes e apetitosas novas maneiras, na etérea vida.

Por sua culpa, tenho me sentido mais viril.
Por sua culpa, não sinto aquele antigo frio, de fazer gelar meu coração.
Por sua culpa, escrevi uma nova canção, chamada "Baila Comigo". Me dá sua mão?

Por sua culpa.
Por sua tão grande culpa,
aprendi a amar você.

E pro seu azar, eu sou o juiz da extrema corte.
E como sentença, te condeno à prisão perpétua.
Encarcerado no ribombar de meu peito.

sábado, 3 de agosto de 2013

Repente



Pra poesia vingar
Você vai ter que rimar
Os tambores a rufar
O jogo vai começar

Não adianta, nem vem
Rimo neném com vintém
Se perguntar pra alguém
Nunca perdi pra ninguém

Se eu tô no mundo da lua
A culpa é toda sua
Se ficaste toda nua
Bem peladona na rua

Desculpa, é piadinha
Não gosto de bacurinha
Gosto da apertadinha
Deliciosa rosquinha

O meu negócio é "homi"
Disso, não morro de fome
Se paro, fico insone
Feito bebê que não come

Mas vamos mudar o papo
Não tenho língua de trapo
A sua boca eu tapo
Feito balaio de gato

Com minha língua matreira
Ensaiei semana inteira
E não me vem com bobeira
Te ganho em qualquer feira

Na terça, quarta ou quinta
E não me venha dar pinta
Se tu não quer que eu minta
Rimo como faço finta

Acho melhor eu parar
Senão você vai chorar
As lágrimas vão rolar
Seu coração machucar

Mas admita, ganhei
Das palavras sou o rei
Não sou modesto, eu sei
Nesse universo me achei

As palavras me fascinam
Me despertam, iluminam
Ainda mais quando rimam
Os jogos nunca terminam

Já não consigo parar
Um maluco vão me achar
Chego a me excitar
Quero gozar em rimar

Porra. Como é difícil controlar meu lápis.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Más Sortes



Uma brotoeja me surgiu na pele.
Xinguei a Deus por me fazer tão reles.
Uma pomba branca fez cocô em mim.
Por que, meu Deus, que tem que ser assim?

O limite do cartão foi estourado.
E me criticam por eu ser veado.
Eu perdi o par da minha havaiana.
Acabei de comprar, essa semana.

O meu namorado quer casar comigo.
Nunca me imaginei como marido.
Sexo selvagem não dá mais notícia.
Tô quase dando pra qualquer "polícia".

Até o meu dildo me deixou na mão.
A uma semana não funciona não.
O revés me toma, feito uma noviça.
Atordoado, morro de preguiça.

Injusto.
Esse mundo anda muito injusto.
Outro dia, quase morro de susto.
O cachorro da vizinha
escapou da coleirinha,
abocanhou minha canelinha
e me esfolou todinha.

Injusto.
Esse mundo anda tão injusto!
Enlouquecerei com pouco custo.
Não me olha mais assim.
Esse mundo não é pra mim.
Já perdi até meu rim.
Paciência tá no fim.

Sorte, por favor, me visita só uma vez, sua linda!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Escrevendo Poesia



Escrevendo poesia e cantando.
E olhando nos olhos do moço que, há pouco, deixou-me enamorado.
Escrevendo poesia e bailando.
Marisa Monte faceira, me encanta, entoando seu fraseado.
Escrevendo poesia e sorrindo.
Há tempos não me lembrava do gosto agridoce do apaixonado.
Escrevendo poesia e me abrindo.
Feito pétala de flor.
E já degustei do sabor, do gosto, do rosto mistificado.

Que já não se faz mais mito.
És meu dito namorado.
És meu, desmistificado.

Escrevendo poesia pra você.
E o moço do poço foi-se, afogado.
Escrevendo poesia por querer.
Quando encheu o balde, foi despencado.
Escrevendo poesia por prazer.
Fiquei, ao olhar-te, entropeçado.
Escrevendo poesia pra viver.
E empurrei o moço, morreu, coitado.

Acho que já não há o que ser dito.
Vou voltar a escrever poesia.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Adoro



Permitindo que o amor retorne.
Deixando que o corpo sinta aquele gostoso formigamento.
Permitindo que o amor retorne.
E ao olhar no espelho noto, que estive morto todo esse tempo.
Permitindo que o amor retorne.
Em seu casto sorriso enxergo. Posso ter motivos pra sorrir junto.
Permitindo que o amor retorne.
Ao seu lado tenho percebido. Qualquer coisa vira um feliz assunto.

E como adoro poder estar com você.
E como adoro poder conhecer melhor.
E como adoro poder namorar você.
E como adoro poder respirar melhor.
E como adoro poder afagar você.
E como adoro poder te beijar melhor.
E como adoro poder devorar você.
E como adoro poder te fazer melhor.

E que possamos continuar a nos permitir.
Te quero pra sempre aqui.
Pra sempre comigo,
namorado.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Peixinho Dourado



O peixe me olha.
Eu olho o peixe.
O peixe me manda um beijo.
Eu faço trejeitos de retardado, pra tentar imitá-lo.

O peixe parece tão sozinho, na vastidão de seu aquário!
Eu me sinto tão sozinho, no vazio de minha vida!

Uma bombinha de ar empresta inquietude ao marasmo da vida do peixe.
Eu, nem isso tenho.

Queria um sopro de vida.
Um vento de ação.
Uma ventania de regozijo.

Como invejo a vida desse peixinho dourado!


Amor de Natureza



Observando as gaivotas, que circundam as nuvens, no ar
Recordo do zigue-zague. Das idas e vindas de nosso namoro.
Enquanto elas não avistam uma árvore firme, para pousar
Permanecem alheias, no céu, perdidas, sem rumo, pertinho do choro.

Assim fomos nós.
Nosso sentimento se fez pousar num galho seco.
Pouco firme.
Pouco forte.

O sol já havia ressecado suas folhas.
Descascado o seu caule.
Secado com sua seiva.
A seiva do amor.

Nosso amor, pouco a pouco, foi ficando podre.
Foi virando húmus.
Mas um húmus infértil.
Um húmus que não aduba.
Um húmus que não recicla.
Que não traz vida de volta, não fabrica flor.

Alguém aí conhece um bom agrônomo, pra cuidar de coração?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Pra você



Algo que meneia o prazer e o castigo.
Algo que permeia o carinho e a dor do açoite.
Algo que tem algo de mistério.
Algo que tem algo de surpresa.
Algo que tem algo de júbilo.

Olho pra você e me recordo.

Da cócega e do tapa.
Do cubo-mágico e da faca.
Do ouro reluzente e da lata.

Me recordo que nem tudo é perfeito.

Que nem tudo é pra sempre.
Mas, não por isso, precisa ser ser ruim.
Eu amo você.
Mesmo com toda a inconstância de nosso relacionamento.

E que continuemos errando.

Que sintamos estralar na face o tapa.
Pra que venham depois os beijos.
Todos os milhões de beijos que lhe devoto.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Convite



Fiz esse poema pra você.
Pra que te lembre que és digno de inspirar alguém
A escrever coisas boas.

Te gosto muito.
És meu amigo.
Mas sabes que nunca descartei a possibilidade de beijar você.
De tocar você.
Fazer com que gozemos juntos, sem maiores compromissos.

Se isso faria bem ou não?
Não o sei bem.
Mas sei que o quero.

Todavia, esse querer ainda não é tão grande, a ponto de ter de arriscar perder sua tão valiosa amizade.

Seria apenas sexo.
E sexo dos bons.

Vem?



quarta-feira, 3 de julho de 2013

RASGADO



Meu amor se casou com outro homem.
Levei um baque quando soube.
E o borboletear, se fez, de novo, instalar, em meu estômago.

Mas dessa vez, foi diferente.
Dessa vez, foi cruel.
Dessa vez, as pequenas aladas não vieram coloridas.
Não eram de cócegas, nem de jujubas doces.
Não eram de sol, nem de melhor porvir.

Borboletas negras.
De úlcera e de refluxo.
De enjôo e turvar de olhos.
De dor e tortuoso fim.

A notícia me veio de súbito.
"Ele tá casado. Se toca. Esquece."
Foi seco.
Foi oco.
Doeu, feito um soco.

Feito o desvirginar de um ânus noviço.
E esse ânus era meu.
E também o ônus.

Não houve o lubrificar.
Doeu, doeu demais.
Berrei, chorei, sangrei até não mais poder.
Mas no fim, me veio um prazer ínfimo.

O prazer de saber que, agora
ou a página vira, ou a página vira.

Até que eu me permita amar de novo.
No ápice de um novo orgasmo.

domingo, 30 de junho de 2013

Baila Comigo




O amor ressurgiu.

De repente, relembrei nós dois.
Como quem relembra os passos de uma valsa, há muito esquecidos.



O compasso ritmado,

como o pulsar de um coração.
As mãos dadas, pra conduzir a dança
e pra conduzir o afeto.
O balanço cadenciado.
Nos salões e nos quartos de hotel.



O número.

O show.
O duo que se fez uno.



O fim.



Será que relembrar nós dois é proibido?