segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Luto



Hoje acordei com vontade de abraçar.
Vontade de transmitir o máximo de aconchego
a quem a vida golpeou.
Com um tiro certeiro e fatal, de dor pungente.

Eles não vão mais voltar.
Eles não serão advogados, nem bailarinos.
Eles não terão filhos, nem se tornarão presidentes.
Eles não terão outra chance.

Hoje acordei com vontade
de ter o dom de Cronos, de controlar o tempo.
Vontade de que o titubear, num milésimo de segundo,
nunca pudesse desencadear uma tragédia.
Decisões de pouca sorte.

Vontade de não ter que me sentir tão triste.
Tão tocado por algo que nem mesmo diz respeito a mim.
Ou será que diz?

Hoje acordei com uma imensa vontade de dar abraços.
Na verdade, gostaria ainda mais que esses abraços nunca precisassem ser dados.

2 comentários:

  1. Achei essa uma poesia interessante, gelada como deveria ser e aconchegante como você permitiu ser.
    E ainda mais estando você meio afastado do sentimento, como transpareceu, é notável.

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  2. Fiz esse poema para as famílias das vítimas daquele acidente, em Monte Alegre, das caipirinhas...

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