segunda-feira, 23 de abril de 2012

Tratado de Rendição




Às vezes o amor vem, te surpreendendo.
E causando em sua existência terremotos, maremotos,
e todos os outros "otos" que houverem mais.

De início, ele te vira do avesso
de uma maneira, digamos, bem estranha.
Como se seu esfíncter tomasse o lugar do seu pulmão.
Seu cérebro fosse parar no seu coração.
E a garganta invadisse os domínios do seu estômago.
É claro, junta com todas aquelas sim/anti páticas borboletas.
Acredite. Pode até ser que não seja de todo ruim.

Quando amamos parecemos virar adoráveis clichês.
No sentido mais que dulcíssimo da palavra.
Só é uma pena que quase sempre nos sintamos diabéticos,
a esse respeito.
Difícil é ministrar as dosagens certas de insulina.

E como num jogo, o amor também tem de suas cartas marcadas.
Menear entre apostar ou não todas as fichas é uma tortura inglória.
A distância se torna a maldita Rainha de Copas,
e talvez não lhe reste outra escolha senão se entregar.
Inanimado feito um dois de paus.
Renda-se. Isso é estar amando.

É como se de um regato se fizesse um Mar de Ilhéus.
De um modesto ranchinho, um arranha-céu.
De uma cova rasa, um mausoléu.

E que enterremos lá nosso amor-próprio.
Que sorte é estar enamorado!

4 comentários:

  1. Que análise poética profunda das relações amorosas! E bem amplo esse seu poema, acaba falando de tanta coisa, servindo pra tantos tipos de sentimentos e relacionamentos amorosos! Você realmente conseguiu fazer um texto muito grande, não em tamanho, mas em escopo.

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  2. Escopo seria o alcance. A abrangência.

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