
Pai.
A pouco tempo atrás, essas três letras, a mim, teriam muito significado.
Como naquelas vezes em que pensamos numa palavra, e vem logo uma imagem à mente.
Um sinônimo de respeito.
De exemplo a ser seguido.
O mais nítido e confiável dos espelhos.
É realmente uma pena.
Na verdade, é revoltante de uma maneira muito triste.
Que eu venha pouco a pouco perdendo esse referencial.
A mesma figura que, quando eu menino, me fez aprender que cada ser humano é um mundo.
Hoje age como se o mundo fosse ele mesmo.
Isolado.
Ensimesmado.
Alienadamente tomado por uma revolta
que o faz perder o amor do filho.
Gradativamente.
Não era esse cara que brigava comigo todas as vezes em que eu era injusto com a minha irmã, de uma maneira machista, como se eu pudesse mais do que ela, apenas por ser homem?
Não era ele que me deixava horas a fio de castigo quando eu agia de maneira preconceituosa com outrem?
Ou quando eu não tinha espírito esportivo
e me enervava apenas por perder uma partida de pula-macaco?
Onde está esse cara?
Cadê ele?
Cadê esse pai?
Não o sei.
E em virtude disso tudo, é difícil fazer com que minha cabeça não sofra um tilte.
Tamanha é a minha sensação de desagrado.
Como posso aceitar que sua discordância em relação à minha condição sexual, seja engrenagem pra tanta insanidade?
Tanta violência! Tanta agressão!
E até mesmo minha mãe se vê atingida.
É só por ela que suporto o olhar de nojo que aquele cara dirige a mim todas as manhãs.
Ele que não ouse botar às mãos nela novamente.
Senão não respondo por mim.
Preconceito sozinho já é detestável.
Preconceito aliado ao machismo, então, nossa!
É uma receita letal.
E o sujeito que constará na certidão de óbito, adivinhem quem será?
Vamos, façam suas apostas!
Não façam vista! Não se acanhem!
O amor.
O amor que fez um homem se apaixonar por uma mulher.
O mesmo que fez com que os dois juntos, planejassem gerar outra vida.
Amor antes incondicional,
agora condicionado.
É esse amor, que, aos poucos, se faz minguar cada vez mais.
E seria bom que outras pessoas, muito próximas, não agissem como um dois de paus.
...
Uau! Fico sem jeito de comentar algo tão forte e, principalmente, pessoal.
ResponderExcluirHehehe.
ResponderExcluirMas vc tem naipe e eh totalmente apto a entrar na minha vida. Aliás, jah faz parte, neh PJ! mas essa foi forte msm. Ateh eu quando leio, acho que exagerei. Mas foi o que eu senti na hora msm. Ainda sinto na verdade, mas de forma mais branda.