segunda-feira, 27 de junho de 2011

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Pai.
A pouco tempo atrás, essas três letras, a mim, teriam muito significado.
Como naquelas vezes em que pensamos numa palavra, e vem logo uma imagem à mente.

Um sinônimo de respeito.
De exemplo a ser seguido.
O mais nítido e confiável dos espelhos.

É realmente uma pena.
Na verdade, é revoltante de uma maneira muito triste.
Que eu venha pouco a pouco perdendo esse referencial.

A mesma figura que, quando eu menino, me fez aprender que cada ser humano é um mundo.
Hoje age como se o mundo fosse ele mesmo.
Isolado.
Ensimesmado.
Alienadamente tomado por uma revolta
que o faz perder o amor do filho.
Gradativamente.

Não era esse cara que brigava comigo todas as vezes em que eu era injusto com a minha irmã, de uma maneira machista, como se eu pudesse mais do que ela, apenas por ser homem?
Não era ele que me deixava horas a fio de castigo quando eu agia de maneira preconceituosa com outrem?
Ou quando eu não tinha espírito esportivo
e me enervava apenas por perder uma partida de pula-macaco?

Onde está esse cara?

Cadê ele?

Cadê esse pai?

Não o sei.

E em virtude disso tudo, é difícil fazer com que minha cabeça não sofra um tilte.
Tamanha é a minha sensação de desagrado.

Como posso aceitar que sua discordância em relação à minha condição sexual, seja engrenagem pra tanta insanidade?
Tanta violência! Tanta agressão!
E até mesmo minha mãe se vê atingida.
É só por ela que suporto o olhar de nojo que aquele cara dirige a mim todas as manhãs.
Ele que não ouse botar às mãos nela novamente.
Senão não respondo por mim.

Preconceito sozinho já é detestável.
Preconceito aliado ao machismo, então, nossa!
É uma receita letal.

E o sujeito que constará na certidão de óbito, adivinhem quem será?
Vamos, façam suas apostas!
Não façam vista! Não se acanhem!

O amor.
O amor que fez um homem se apaixonar por uma mulher.
O mesmo que fez com que os dois juntos, planejassem gerar outra vida.
Amor antes incondicional,
agora condicionado.

É esse amor, que, aos poucos, se faz minguar cada vez mais.

E seria bom que outras pessoas, muito próximas, não agissem como um dois de paus.

...

2 comentários:

  1. Uau! Fico sem jeito de comentar algo tão forte e, principalmente, pessoal.

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  2. Hehehe.
    Mas vc tem naipe e eh totalmente apto a entrar na minha vida. Aliás, jah faz parte, neh PJ! mas essa foi forte msm. Ateh eu quando leio, acho que exagerei. Mas foi o que eu senti na hora msm. Ainda sinto na verdade, mas de forma mais branda.

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