segunda-feira, 27 de junho de 2011

A carta (parte II)



Você teve todas as chances de tentar alguma reaproximação comigo, depois de tudo o que aconteceu desde setembro/outubro do ano passado. E temos de concordar que as vaquinhas que são algumas de suas irmãs contribuíram muito pra que você se afastasse e perdesse o amor do seu filho. Eu sei que isso aconteceu, isso de eu ter perdido o amor e o respeito pela figura que eu tinha de um pai, porque não to nenhum pouco nervoso ao escrever isso, nem com raiva, ou menos ainda chorando. O que é de se admirar, ao considerar a pilha de nervos que sou eu. Eu te respeito, a partir de hoje, na sua condição de ser humano, e não de pai. Pois sei que todo ser humano deve ser respeitado, independente de sua crença, etnia, nível social e orientação afetiva. Engraçado né? Muito disso eu aprendi com você, quando você ainda era alguém em quem eu me espelhava. Queria lhe pedir o mesmo respeito, se não for muito difícil pra você.
Queria aproveitar e lhe agradecer os 18 anos relativamente bons que você me proporcionou. Digo “relativamente” porque desde cedo tive de conviver com as piadas e observações preconceituosas e racistas que você fazia. E isso contrastava de maneira muito confusa com os ideais que você me passava, de respeito e compreensão para com o próximo. E eu não tenho dúvida nenhuma de que esse exemplo que você me passava de pai, essa confusão que você armava na minha cabeça, foi motivo circunstancial, aliada à minha pré-disposição biológica, para que eu tenha desenvolvido essa fragilidade psicológica que possuo. Te agradeço imensamente por ter compreendido ao menos isso, e me ajudado bastante, a esse respeito. Mas não se trata de muito mais do que eu faria por um filho meu.
Quero que você saiba que há vários motivos pra que eu não saia definitivamente da sua vida. Um deles é que eu não vou deixar a minha mãe à mercê de um cara que na primeira crise de INTOLERÂNCIA/MACHISMO/PRECONCEITO (escolha o substantivo que julgar mais desprezível) vai encostar as mãos nela de novo.
Embora eu já tenha dito que te desprezo, enquanto filho, quero repetir que te respeito muito enquanto ser humano. E de certa forma, me apiedo de você, se realmente essa história seguir os rumos que a suas atitudes atrozes têm ditado.

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