terça-feira, 20 de outubro de 2009

...




Pra que devo insistir em te amar?
Em meio a devaneios, me recordo
que todo nosso deslumbramento
foi mais curto que pensei.

Parece-me que somos de mundos distintos.
A reciprocidade findou-se
e a verdade finalmente veio à tona:
NÃO FOMOS FEITOS UM PARA O OUTRO.

Nosso conto de fada virou conto de bruxa.
Sininho não mais contornou seus ciúmes
e torceu o pescoço de Wendy.
Cabe a mim, Peter Pan,
não enlouquecer em minha infinitude.

Já basta!
Nos enclausuremos cada qual em seu casulo
até que seja dada a hora
de nossa liberdade.

E que nossos caminhos não mais se cruzem.
Para o bem de nossas almas.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Falsa Modéstia


Ás vezes é chato

não proceder de acordo com o recomendável.

Mas pode ser imprescindível.


Não quero que você me olhe

mas seus olhos me fuzilam.

Não quero chamar a atenção

mas é como se um melão tomasse o lugar do meu crânio.


E é tudo tão confortável!

Me deixo ficar.

Mesmo com o tempo me lembrando a engrenagem que sou.

E o resto do mundo ditando o quanto sou desprezível.

Substituível.

Reciclável.


E me falta até a vontade de mandá-los explodir.

Que me odeiem.

Me maldigam.

Não me apeteço com minha temporária insignificância.


Quero apenas deixar-me morgar

pra um dia poder me lembrar

da magnificência de minha grotesca identidade.


SALVE-ME


Estou perdido.

Perdido em devaneios

que não deveriam retornar.

Perdido entre lembranças

que outrora fizeram chorar

mas também acalentar

meu confuso coração.


Por que me lembro de você com tanto ódio

e também com tanto ardor?

Como é que ainda consigo sentir saudades

se, outrora senti dor?

O seu patético sorriso de palhaço não sái mais de minha mente.

Mesmo sabendo que seu jeito irritadiço me fez ficar tão doente.


Estou perdido.

Perdido em seus lábios entrecortados.

Perdido em nossos sombrios dias nublados.

Perdido em você e

perdido por você.


Perdidamente louco por você, enfim.


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Insight




Por que a dor demora tanto assim?
Por que a tristeza custa a findar?
Momentos de alegria são tão curtos...
à pouco o presente passado fez virar.

E não há modo de não se deixar
aos poucos anestesiar.
Dormente sentimento.

Que a morte então cravou no meu bailar.
Bailar da pulsação,
que zera, por contento.

Só espero que, nas valsas do infinito, um grito ecoe.
Fazendo-me lembrar, clarificar lembrança.
E peço que minha pétrea lucidez sim, me perdoe.
Prefiro-me a sofrer. Não vou perder a dança.

O bailado fugaz de meu tormento.

Versos de amor vomitados




Adoro tanto te amar!
Adoro. Ha! Como adoro!
Sem medo de me perder
em meio a clichês e ladainhas.

Dane-se! O mundo é lindo
quando tenho você perto de mim.

E te rodopiar em meu balanço.
Jogar areia em seu cabelo.
Assoprar seus cílios.

Sentir seu cheiro acre de manhã.
E planejar nadar.
E planejar ter filhos.

Ha! Como eu adoro, de novo, tanto te amar!
E de novo, e de novo.
E ainda mais uma vez.

Mesmo com suas tentativas frustradas de cozinhar.
Arroz de forno com você tem outro gosto.
Qualquer um, outro, menos o de arroz.
É mesmo o amor.
E olha que nem pagaram o merchandising.

Adoro. Ha, como adoro!
Adoro poder repetir.
Mil vezes e ainda mil vezes
o quanto adoro te amar!

Beije-me então.