Não é tão fácil entender o mundo.
Quando páro pra pensar, às vezes me entristeço.
A única coluna que me sustenta
é a lembrança nostálgica de tempos que não vivi,
mas sinto saudades de me contarem.
Tempos em que um bom dia acalentava qualquer mau-humor.
Tempos nos quais a idéia mais plena de felcidade
era ir à pracinha comer algodão-doce,
se deleitar em um banho de chuva,
ou até mesmo paquerar, ao luar.
É uma pena que hoje isso seja quase finito.
Nos tempos de hoje, que vejo como os do exagero,
parece impossível associar o prazer à sutileza.
Hedonistas que somos, buscamos prazer em todos os atos.
Mas esquecemo-nos que essa satisfação
pode vir a entristecer a vida de outrem.
Não pequemos pelo exagero
a ponto de nos dispormos
a vender nossa alma ao cão!
Não o cão bíblico.
Não o tinhoso desprezível,
mas sim, o cão detestável do capital.
É hora! Sim, já deu-se a hora!
De pisarmos bem fundo em nossos freios,
deixando de agir por prazer
e guiando-nos pelo alter.
É dado o momento.