Zé Henrique Fraga
sábado, 5 de setembro de 2015
DOM
E qualquer pedaço, ou rasgo
De papel amassado
Poderá me servir.
E qualquer pincel, ou lápis.
Cera ou esferográfica.
Ou mesmo touch screen.
As palavras vão surgindo.
Pela mente afluindo.
Sentimento, emoção.
Reverberam em aquarela.
Feito pintura em tela.
Poesia em borrão.
De cada sílaba derrama amor.
Cada vocábulo é feito carinho.
A oração não é ao "Salvador".
Mas, reza a lenda, que fez-se versinho.
O texto encanta, me enche de torpor.
Faz me sentir deveras excitado.
A rima toma, me rendo em ardor.
Sou, assim dito, escritor tarado.
Quero mais, a dor do estupro.
Desse verso nu, e ereto.
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Meu grito de socorro
E deságua um rio de mim.
Maremoto se faz revoltoso.
A angústia precisa ter fim.
Paraíso que almejo, com gosto.
Não me faça esperar mais assim.
Mal-agouro viver pesaroso.
Colombina rejeita arlequim.
Querubim massacrou querubim.
Pesadelo sangrando em meu peito.
Rio negro de piche e carvão.
Quero o beijo do elfo perfeito.
Quero mais colorir coração.
Não sentir-me esmurrar desse jeito.
Minha face requer atenção.
Quer carícia, gracejo, respeito.
Quer delícia, doçura, confeito.
Quero ter pedra-chave da porta do escuro.
Quero mais destruir, demolir esse muro.
Quero o morder de lábios, meu porto seguro.
E poder mais gozar, sem pensar no futuro.
Me pegue pelas mãos e me aperte, num amasso.
Antes sopro de beijo, que quente mormaço.
Sem você, sou perdido, não sei o que faço.
Antes perder-me então, em teu eterno abraço.
Salva-me.
Rogo a ti. Meu grito de socorro.
Me visita
Aquele gosto de infância, que surge na boca, roçando os lábios.
Aquele marejar de olhos.
Aquela singela emoção.
Aquela lembrança engraçada.
Do tombo no parque.
Da icterícia.
De ter que tomar lombrigueiro.
Ralar o joelho no chão.
Nostálgico, me emociono.
Saudoso, me felicito.
Não mais o moleque esquisito.
Não mais a infância em botão.
Mas fica a criança travessa.
Habita em minh'alma.
Me ressucita.
Vem mais outra vez, me visita.
Relembra que sou coração.
Aquele gosto de infância, que surge na boca, roçando os lábios.
Não fujas assim de mim.
Fique, pela eternidade de mais um minuto.
E me brinde.
Com o agraciado milagre de me fazer vivo.
Cuida bem
E chegou assim, metamorfoseando.
Tirando de mim refrões de canção.
Veio meio que assim, se parafraseando.
Gozando mil maneiras, cor-ação.
E ergo novamente minha taça.
Até a borda, de teu néctar rubro.
Desafogado, rasgo tua couraça.
E tudo o que te fez sofrer expurgo.
Inalo teu perfume inebriante.
E bebo os fluidos, teu prazer atiço.
Entrego bem assim, tenaz, gratificante.
Te dou, de coração, amor noviço.
Cuida bem.
E teremos, então, o mundo.
domingo, 14 de junho de 2015
Azeite
Um gosto novo, nos lábios.
O gosto dos novos lábios
E a novidade no compasso.
Novo tom.
No ribombar do coração.
Que o fruto das Oliveiras preencha a ceia do batismo.
Batizo-te, novo amor.
E que seja pleno.
Dado o azeitonar de nossas rubras faces.
terça-feira, 2 de junho de 2015
Úmido
Precipito-me,
em meu amor a ti.
Precipito-me,
ao entregar-me, devotamente.
Na
inteireza pura de meu sentimento.
Precipito-me,
ao mirar-lhe os olhos.
Precipito-me,
ao tocar-lhe a face.
E
ao imaginar estar defronte da razão de meu viver.
Precipito-me,
ao entregar-lhe meu corpo.
Precipito-me,
no esgarçar de minh’alma.
Precipito-me,
nesse meu querer de ser teu.
E
as únicas a me confortar são as lágrimas.
O
banho incrustrado de sal, em minhas maçãs.
São
elas, somente elas.
Que
se precipitam em hora oportuna.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
Mais Querer
Quero mais, tua paixão de âmbar.
Quero teu riso incontido.
Teu gargalhar de flâmula.
Quero mais, o gracejo de teu olhar
multicolor.
Quero um tenaz suspiro.
Quero o morrer de amor.
Quero mais, as noites de entrega exasperada.
O arder no fervor das peles.
As roupas emaranhadas.
Quero mais, a paz singular de teu toque.
Quero teu hipinotismo.
O inebriante choque.
Choque este, de saber.
Que o que mais quero, é sempre mais te
querer.
Quero mais, muito mais de você.
E quero que me queira assim também.
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