segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Me visita



Aquele gosto de infância, que surge na boca, roçando os lábios.
Aquele marejar de olhos.
Aquela singela emoção.

Aquela lembrança engraçada.
Do tombo no parque.
Da icterícia.
De ter que tomar lombrigueiro.
Ralar o joelho no chão.

Nostálgico, me emociono.
Saudoso, me felicito.
Não mais o moleque esquisito.
Não mais a infância em botão.

Mas fica a criança travessa.
Habita em minh'alma.
Me ressucita.
Vem mais outra vez, me visita.
Relembra que sou coração.

Aquele gosto de infância, que surge na boca, roçando os lábios.
Não fujas assim de mim.
Fique, pela eternidade de mais um minuto.
E me brinde.
Com o agraciado milagre de me fazer vivo.

5 comentários:

  1. Que íntimo e pessoal. Digo isso por que não tenho em mim o que essa poesia representa, mas ainda assim consigo entender, esse é o seu dom das palavras. Você consegue se emoldurar nas palavras.

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  2. Que legal, arrasei três vezes. Quanta eficiência! Quanta graça! Quanta modéstia! À parte, claro.

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