Nos basta uma esferoferográfica velha
e o bom e velho copo de vinho
pra que o mundo todo se traduza em alegria intensa.
Um gostoso encontro com amigos de muita longa data
e uma folha de papel, com pautas ou sem,
pra que um bebum apaixonado pela vida
faça-se entregar de bom grado ao mundo, em registro.
Mesmo que não o amem
com tanta intensidade quanto há
na força e na dedicação contidas nessas linhas,
a ele basta.
Lhe basta o privilégio de poder amar.
INCONDICIONALMENTE!
Mesmo no escuro.
Ao som de músicas que embalam
a curta vida de um ébrio,
ele se ispira.
Apenas por cogitar a possibilidade
de que seus versos toquem o coração de alguém.
Àqueles que vos ama, dirá:
-Vos amo!
Àqueles que não vos ama, dirá:
-Vos amo, também!
Pois mesmo o sentimento de ódio
está envolto pelo amor incontido,
ganancioso, representado pela inveja.
Agora, bem agora
que a névoa da embriaguez se dissipou,
junto à minha imaginação,
o reconheço.
Esse eterno poeta sou eu,
que me fiz envolto, obscuro, secreto,
justo por não querer me identificar
num mundo em que todos sentem medo de dizer
o quanto amam a vida.
16/07/2009, por José Henrique, não mais tão bêbado assim, numa noite de inverno.