Não quero que tudo se acabe.
Não quero ter que olhar em seus olhos,
e então perceber que está tudo perdido.
Em dias de treva, procurava me refugiar
em sua luminosidade.
Então, será mesmo que o brilho se perdeu?
Mesmo envolto pelo pesadelo furioso da verdade,
tento acreditar que não.
Que toda a nossa tristeza não passa de um devaneio.
Que toda a nossa distância não passa de um prelúdio.
Um aviso ruidoso de aproximação da calmaria.
E do carinho.
De todo o nosso carinho,
que sei que converterá-se em amor.
Àquele amor que um dia juramos um ao outro.
Pense no tempo em que tudo era lindo.
No tempo em que éramos recheados de sonhos.
Tempos nos quais nos eram bastantes um lençol,
uma garrafa de vinho, e a lua.
O resto se desenhava em seu sorriso entrecortado,
em nossas promessas imaturas,
e em nosso beijo.
Ha! O nosso beijo!
Que momento divino!
Nossos lábios se encontravam em sua completude.
Nossos corpos se acariciavam num toque docemente rude.
E nossas almas eternizavam-se,
acalentadas pelo desejo.
Peçamos, então, perdão aos deuses
e nos agarremos a essa centelha,
pra reconstruir do nada
o nosso antigo e aguerrido ardor.
Ainda quero te amar.