quarta-feira, 26 de junho de 2013
João de Francisco
É de dádiva e de lágrima.
É de tempo e de fomento.
É de luxúria nua e brilho cru.
É de nariz vermelho e de céu azul.
É de trincar os nós dos dedos e suspirar.
É de fé e de momento.
Dois destinos postos contra o vento.
A história de João. E a história de Francisco.
Sem Marias e sem Rosinhas.
A história de um amor entre dois homens.
É de arregalar os olhos.
É de enternecer.
Faz você rever seus modos.
Faz você querer.
Faz você querer ninar o mundo
num afago só.
Faz os nós das tripas contorcerem.
Borboletear.
Faces do rosto enrrubecerem.
Escarlatear.
Faz sorrisos se regurgitarem.
Vômito feliz.
João de Santo Cristo não tinha medo.
João de Francisco também não.
E viu o amor surgir tão logo, cedo.
Pulsar o coração.
Ao ver Francisco vir lhe entregar flores, no portão.
Francisco era florista.
João, malabarista.
E Maria? Não o sei.
Já lhe disse que Maria nenhuma há.
João perdera a avó num acidente.
Francisco trabalhava, então, contente.
Até que, naquela entrega, seu mundo congelou.
E seus olhos fizeram-se completamente reféns.
De onde vem a calma daquele cara?
Eu quero ver sua alma.
Eu quero sorver sua língua num beijo.
Eu quero impulsionar o seu balanço.
E não me canso.
Nunca me canso.
Eu quero o amor, desse jovem senhor, somente pra mim.
E então foi assim.
Daí pra frente, encontros.
Daí pra frente, recantos.
Daí pra frente, o encanto.
E a mágica de João encantou a platéia de Francisco.
E pôs em seu coração o mais belo presente místico.
A pureza de um casto amor, humildemente devotado.
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Nossa, muito bacana. Um poema que a gente sente preenchido, cheio, como se não faltasse nada nele. E onde nada é descompassado, fora de lugar.
ResponderExcluirE você desenvolveu uma estilística. A de misturar coisas grotescas no meio dos seus poemas de maneira bonitinha.
Coisas grotescas? Kkkk. Nós das tripas? Huahuahuahua. Sensibilidade ruleia.
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